Hipótese da Rainha Vermelha
A Hipótese da Rainha Vermelha é uma teoria evolutiva. Pretende explicar dois fenômenos distintos: as vantagens da reprodução sexuada no nível do indivíduo e a constante ‘corrida armamentista’ evolutiva entre espécies competidoras.
Hipótese da Rainha Vermelha
27/7/2020 :: Josué Fontoura
O princípio da Rainha Vermelha pode ser assim enunciado:
“Para um sistema evolutivo, é preciso haver um desenvolvimento contínuo para manter a aptidão relativamente aos sistemas com o qual estão a co-evoluir.”
O escritor Matt Ridley popularizou o termo “Rainha Vermelha” associado a seleção sexual em seu livro “The Red Queen”. No livro, Riddley aborda o debate da biologia teórica acerca do benefício adaptativo da reprodução sexuada nas espécies nas quais está presente.
A relação entre a Rainha Vermelha e este debate vem do fato de que a teoria (Vicar of Bray) aceita tradicionalmente apenas vantagem adaptativa ao nível de espécie ou grupo, não ao nível do gene.
Por outro lado, uma teoria como a da Rainha Vermelha, que traz a idéia de uma corrida armamentista evolutiva entre espécies que estão co-evoluindo, pode explicar a importância da reprodução sexuada ao nível de gene.
Neste caso, o papel do sexo seria preservar genes que são desvantajosos no presente, mas que podem ser vantajosos junto a uma futura população do sistema de espécies co-evoluído.
Rainha Vermelha ou corrida da Rainha Vermelha
Originalmente proposta por Leigh Van Valen, a metáfora tem sido considerada apropriada para a descrição de processos biológicos com dinâmica similar a de uma corrida armamentista.
Ele propôs a Hipótese da Rainha Vermelha com uma explicação tangente a sua Lei da Extinção que foi derivada da observação de probabilidades constantes de extinção dentro de famílias ao longo do tempo geológico.
Van Valen concluiu que a habilidade de uma família de organismos sobreviver não melhora com o tempo, e que a probabilidade de extinção para qualquer família é aleatória.
A Hipótese da Rainha Vermelha como formulada por Van Valen, embora difícil de ser testada, especialmente no nível macroevolutivo, proporcionou fundamentação conceitual às discussões sobre corrida armamentista evolutiva.
Do ponto de vista microevolutivo, cada indivíduo seria um experimento evolutivo, resultante da mistura entre os genes do pai e da mãe. Com essa experimentação constante, a reprodução sexuada pode permitir a uma espécie evoluir rapidamente apenas para manter seu nicho ecológico já ocupado no ecossistema.
Num panorama macroevolutivo, a observação de que a probabilidade de grupos de espécies (geralmente famílias) é constante dentro de cada grupo e aleatória entre grupos deu suporte à hipótese no nível microevolutivo.
Referências:
- Valen LV (1973). «A new evolutionary law». Evolutionary Theory. 1: 1–30
- Francis Heylighen (2000): “The Red Queen Principle”, in: F. Heylighen, C. Joslyn and V. Turchin (editors): Principia Cybernetica Web (Principia Cybernetica, Brussels), URL: http://pespmc1.vub.ac.be/REDQUEEN.html.
- Vermeij, G.J. (1987). Evolution and escalation: An ecological history of life. Princeton University Press, Princeton, NJ.
- Bell G (1982) The Masterpiece Of Nature: The Evolution and Genetics of Sexuality. University of California Press, Berkeley, 635 pp
- Ridley, M. (1995) The Red Queen: Sex and the Evolution of Human Nature, Penguin Books, ISBN 0-14-024548-0
- Dawkins, R. & Krebs, J. R. (1979). Arms races between and within species. Proceedings of the Royal society of London, B 205, 489-511.
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