O custo do desmatamento
O custo do desmatamento: Estudo aponta impacto do desmatamento de florestas íntegras na biodiversidade, redução de carbono, abastecimento de água, cultura indígena e, até mesmo, na saúde humana.
O custo do desmatamento
Mudanças nos rumos das políticas socioambientais põem em risco a gestão e a proteção das Unidades de Conservação brasileiras, importante patrimônio natural que guarda os últimos remanescentes de florestas íntegras do país.
O Brasil desmatou 1,3 milhão de hectares de florestas e foi considerado o país que mais perdeu árvores no ano passado.
Os dados são do Global Forest Watch, atualizado pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
A maior preocupação apontada pelo relatório, no entanto, diz respeito à destruição continuada das florestas primárias, como são chamadas as áreas com as árvores mais antigas e que não são fruto de replantio. De acordo com o relatório do Global Forest Watch, uma área de florestas primárias equivalente ao tamanho da Bélgica foi destruída em 2018 no Brasil.
O valor excepcional dos ecossistemas florestais intactos
O estudo “The exceptional value of intact forest ecosystems” publicado na Nature Ecology & Evolution em 2018 e que contou com a participação da Wildlife Conservation Society, representada pela WCS Brasil no país desde 2004, chama a atenção para a importância excepcional de florestas primárias e aponta os valores ambientais globalmente significativos das florestas íntegras em relação a florestas degradas.
“Com a destruição acelerada de nossas florestas perdemos a base de sustentação de uma infinidade de formas de vida, ciclos ecossistêmicos da água e gases são afetados de forma abrupta, carbono estocado na biomassa florestal é disperso na atmosfera dando sua contribuição ao aquecimento global.
Além disso, perdemos as fontes de sustentação de milhões de pessoas que têm seu modo de vida intrinsecamente ligado às florestas e seus produtos e ainda um capital natural pouco conhecido e de exploração potencialmente sustentável.
Mudanças recentes na gestão ambiental brasileira
Criamos uma situação onde só existem perdas e precisamos reverter este curso destrutivo o quanto antes”, destaca Carlos Durigan, diretor executivo da WCS Brasil.
A má notícia chegou após os anúncios de mudanças contundentes na gestão ambiental brasileira, onde decisões claramente contrárias à defesa das políticas públicas socioambientais implementadas nas últimas décadas e que devem fragilizar as medidas protetivas de nossas florestas e biodiversidade, como é o caso das ações criminosas de desmatamento nas Unidades de Conservação da Amazônia.
É exatamente nestas unidades que estão os últimos remanescentes de florestas íntegras do país.
“Nosso estudo argumenta que a manutenção e, quando possível, a restauração da integridade das florestas devem ser ações prioritárias e se somam aos esforços globais para desacelerar a atual crise que afeta a biodiversidade, frear processos que contribuem com as mudanças climáticas, e assim darmos melhores chances para o alcance das metas de sustentabilidade estabelecidas pela ONU. Infelizmente, com os retrocessos que temos testemunhado nos últimos meses no país, temos grandes chances de figurarmos entre os vilões da destruição da natureza no mundo”, destaca o ambientalista.
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