Onde se caçam tubarões
Onde se caçam tubarões: Mapeamento indica onde pesca ameaça tubarões oceânicos. Estudo internacional usou dados de monitoramento por satélite e propõe ferramenta para delimitar áreas de preservação
Onde se caçam tubarões
Mar/2020 :: por Maria Guimarães / Pesquisa FAPESP. Licença CC BY-ND 4.0
“Já aconteceu de marcarmos tubarões em Fernando de Noronha e sua marca ser recuperada na costa do Senegal, na África”, diz o engenheiro de pesca Fábio Hazin.
O grupo coordenado por ele na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) se especializa no monitoramento por satélite – usando as tais marcas – de uma diversidade de espécies de tubarões oceânicos, ou pelágicos. O problema é que, nesses amplos trajetos, os avantajados peixes buscam zonas ricas em alimento.
Nelas podem encontrar um competidor perigoso, de acordo com artigo publicado na revista Nature: barcos pesqueiros, contribuindo para reduzir as populações desses predadores marinhos.
Alguns integrantes do grupo de Hazin participaram do estudo, liderado por pesquisadores de Portugal e da Inglaterra, contribuindo com o conhecimento sobre cinco espécies.
São elas o tubarão-baleia (Rhincodon typus), estudado por Bruno Macena, o tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier), por André Afonso, o tubarão lombo-preto (Carcharhinus falciformes) por Fernanda Lana, o tubarão-martelo (Sphyrna lewini), por Natalia Bezerra, e o tubarão galha-branca (Carcharhinus longimanus), estudado por Mariana Tolotti sob orientação de Paulo Travassos, também da UFRPE e coautor do trabalho.
Mapeamento indica onde pesca ameaça tubarões oceânicos
Além desses, a parceria de mais algumas dezenas de pesquisadores de vários países garantiu um conjunto de 23 espécies, que Hazin considera ser uma proporção considerável dos tubarões pelágicos. Todos os projetos usam equipamento semelhante, em grande parte produzido pelo mesmo fabricante, o que garante que os dados sejam comparáveis.
Depois de aproximar-se o suficiente do tubarão, ou capturá-lo para trazê-lo perto do barco, os pesquisadores prendem a marca eletrônica na nadadeira dorsal com ajuda de um dardo. Esse equipamento fica fixo no animal por até seis meses, armazenando dados de profundidade, temperatura e localização geográfica.
Quando se desprende do tubarão, o dispositivo sobe à superfície e transmite os dados – de onde estiver – por satélite. Os pesquisadores recebem então essas enormes quantidades de dados em seus computadores.
O estudo agora publicado é o primeiro a usar a metodologia para fazer um mapeamento global dos movimentos de tubarões oceânicos. De acordo com o estudo, quase dois terços das 23 espécies analisadas são classificadas como ameaçadas de extinção ou vulneráveis na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), e um quarto é considerada quase ameaçada.
A pesca de espinhel, na qual longas linhas com uma sucessão de anzóis se estendem para dentro da água, é a técnica responsável por boa parte das capturas de tubarões, sejam elas voluntárias ou incidentais (no caso de espécies cuja pesca é proibida).
>> Para saber mais, acesse o artigo completo da Revista Fapesp > Mapeamento indica onde pesca ameaça tubarões oceânicos
Artigo científico
QUEIROZ, N. et. al. Global spatial risk assessment of sharks under the footprint of fisheries. Nature. 25 jul. 2019.
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