Pantanal desconhecido
Pantanal desconhecido: Pesquisadores identificam lago de cerca de mil km2, escondido sob plantas aquáticas na planície do rio Negro.
Pantanal desconhecido
Fev/2020 :: por Rodrigo de Oliveira Andrade / Pesquisa FAPESP. Licença CC BY-ND 4.0
Há anos geólogos e geógrafos do Brasil e do exterior estudam as paisagens que dão forma à planície do rio Negro, na porção sul do Pantanal mato-grossense, sem se darem conta de que ali, sob um imenso tapete formado por plantas aquáticas, escondia-se um lago de grandes dimensões.
Em trabalho publicado em outubro na revista científica Earth Surface Processes and Landforms, pesquisadores de universidades paulistas descreveram a descoberta de um lago que ocupa uma área equivalente a pouco mais de dois terços do território da cidade de São Paulo.
“Era quase impossível identificá-lo à primeira vista”, afirma o geógrafo Eder Renato Merino, pesquisador em estágio de pós-doutorado no Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), um dos autores do estudo.
“O acúmulo de camalotes e baceiros ao longo de sua superfície, de longe, faz parecer que se trata de uma área de terra coberta por gramíneas.” Camalotes, plantas aquáticas flutuantes do gênero Eichhornia, e baceiros são ilhas de vegetação flutuante no meio de áreas inundadas.
Merino é um dos responsáveis pela identificação do lago, localizado na planície do rio Negro. O achado se deu em virtude de análises das imagens de satélites feitas durante seu doutorado, concluído em 2016 sob orientação do geólogo Mario Luis Assine, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, interior de São Paulo.
Paisagens ocultas do Pantanal
Há décadas Assine estuda as transformações pelas quais passaram as paisagens do Pantanal, uma das maiores planícies inundáveis do mundo. Nesse caso, ele e Merino estavam interessados em investigar a formação das planícies do rio Negro e o processo de captação e distribuição de águas e sedimentos na região nos períodos de cheia, entre os meses de outubro e maio.
Ao analisar o curso do rio Negro, desde suas nascentes no planalto até as terras mais baixas e planas do Pantanal, eles observaram que esse corpo d’água se espraiava à medida que avançava sobre a planície. Mudava de curso e criava vários canais sinuosos ao longo do caminho. Até aí, nenhuma novidade. As alterações na trajetória dos rios no Pantanal são bem conhecidas pelos pesquisadores.
A surpresa se deu quando eles perceberam que os canais pareciam sumir em determinada região do mapa, aparentemente composta de terra firme. Era como se os canais mergulhassem no subsolo para ressurgir mais adiante. “Tratava-se de uma área deserta e totalmente plana, sem construções, estradas ou sinais de criação de gado”, comenta Assine, um dos autores do artigo ao lado de Merino.
“Uma área deserta”
Ao analisar o curso do rio Negro, desde suas nascentes no planalto até as terras mais baixas e planas do Pantanal, eles observaram que esse corpo d’água se espraiava à medida que avançava sobre a planície. Mudava de curso e criava vários canais sinuosos ao longo do caminho. Até aí, nenhuma novidade. As alterações na trajetória dos rios no Pantanal são bem conhecidas pelos pesquisadores.
A surpresa se deu quando eles perceberam que os canais pareciam sumir em determinada região do mapa, aparentemente composta de terra firme. Era como se os canais mergulhassem no subsolo para ressurgir mais adiante.
“Tratava-se de uma área deserta e totalmente plana, sem construções, estradas ou sinais de criação de gado”, comenta Assine, um dos autores do artigo ao lado de Merino.
>> Para ler todo o texto, acesse o artigo completo da Revista Fapesp > Paisagens ocultas do Pantanal
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