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Os Biguás

Os Biguás: Certamente os cariocas e turistas apreciam e desfrutam das belezas naturais da cidade: praias, florestas, cachoeiras, a Lagoa Rodrigo de Freitas, todas nossas montanhas, etc. Entretanto, poucos conhecem algo acerca dos habitantes selvagens destas paisagens.

Bichos e Plantas fantásticos e onde habitam
Encantos selvagens do dia a dia carioca

por Carlos Reif. 2019
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a mídia nossa atenção é conduzida à celebridades de TV porém na esfera selvagem da cidade maravilhosa vivem também seres com vidas tão, ou mais, interessantes que as da TV. Um desses curiosos habitantes cariocas é o Biguá.

Biguá
Biguá: Phalacrocorax brasilianus. by Dario Sanches

Os Biguás

Atendendo pelo nome científico de Nannopterum brasilianus, o biguá é uma ave muito comum no nosso litoral e podemos ver bandos deles voando pelos céus em sua clássica formação em V e, um excelente local para observá-los de perto, é a Lagoa Rodrigo de Freitas, um de seus locais de Alimentação onde pousam, e posam, com suas asas abertas.

Biologia

Apesar de ser muitas vezes confundidos com patos devido às suas patas com membranas interdigitais, os biguás são aves aquáticas, de ambientes dulcícolas ou marinhos, encontradas em diversas partes do Mundo. São principalmente piscívoras, isto é, se alimentam de peixes mas também podem comer moluscos, crustáceos, insetos e anfíbios.

Biguá na árvoreOs biguás são capazes de realizar grandes migrações. Por exemplo, indivíduos anilhados na Lagoa dos Patos (RS) já foram observados a 1.400 km de distância na Argentina. As colônias de Biguás também podem alcançar números impressionantes. Uma das maiores foi registrada na Ucrânia em 2006 com nada mais nada menos do que 12.400 ninhos.

Trabalho em equipe

Em suas migrações diárias entre áreas de descanso e de alimentação, os biguás adotam a formação em V alternando a ave-batedora que vai na frente.Esta estratégia otimiza o esforço de voo, quebrando a resistência do vento sem causar cansaço excessivo aos indivíduos.

Outro momento de cooperação entre eles é durante a caça. Sendo excelentes nadadores, capazes de submergir até 50m de profundidade e permanecer ali por até 3 minutos, os Biguás encurralam os cardumes de peixes e garantem assim o sucesso da empreitada.

O paradoxo das fezes do Biguá
Fotos: Carlos Reif

A capacidade de mergulhar fundo e deslocar-se rapidamente dentro da água, deve-se em parte à ausência da glândula uropigial, responsável pela produção de uma substância que impermeabiliza as penas. Por ficarem encharcadas durante a caça, os Biguás precisam secar suas asas ao sol após as incursões aquáticas para que possam voar novamente.

O paradoxo das fezes do Biguá

As fezes do Biguá são muito ácidas e causam estragos na maior parte da vegetação onde caem. Na Lagoa é possível ver tal efeito em certas árvores na altura da ‘curva do calombo’, principalmente nas Casuarinas e Amendoeiras, sendo interessante notar que os cactos epífitos não parecem ser afetados.

A curva do calombo, é uma mini península que adentra a Lagoa, e portanto representa para os biguás um sítio estratégico de pouso e observação dos cardumes. Resulta que ali tornou-se também o “banheiro” favoritos destas aves. Esta fato nota-se facilmente através das enormes manchas brancas na pista de lazer acompanhadas pelo forte e desagradável odor de peixe. Olhares mais atentos vão também encontrar restos de peixes mal digeridos.

Por outro lado, estas mesmas fezes são ótimos fertilizantes. No Peru por exemplo, o guano já foi tão importante que o período entre 1845 e 1866, ficou conhecido como a “Era Guano” e foi um período de grande estabilidade e prosperidade no País, graças ao capital gerado pela vendo do Guano.

Curva do Calombo - LagoaAtraídos por esse valor, os Estados Unidos estabeleceram em 1856 o “Guano Islands Act” que em poucas palavras confere aos Estados Unidos, propriedade de qualquer ilha que contenha Guano e que não seja reconhecida como pertencendo à qualquer outro País. Tal ato continua em vigor até os dias de hoje porém muitas das ilhas reclamadas pelos EUA, são alvo de disputas internacionais.

“Quem não tem cão, caça com ave!”

Diversas comunidades tradicionais, principalmente no Japão, China e outros países asiáticos, e também os Uru do lago Titikaka entre Peru e Bolívia, utilizam o Biguá como “ave de caça”! As aves são mantidas em cativeiro onde são tratados e adestrados e então utilizados para pesca.

Uma espécie de colar é colocado ao redor do pescoço da ave e que limita o tamanho do peixe que pode ser engolido. Os maiores, ficam na parte superior da garganta que eh então “massageada” pelos pescadores para retirá-lo. Atualmente tais práticas têm principalmente finalidade de atração turística.

Assim como o Biguá, diversos outros “habitantes” selvagens da nossa cidade do Rio de Janeiro tem histórias de vida muito interessantes e que valem a pena serem observadas. 

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