Bertha Lutz
Bertha Lutz: A história do Brasil está cheia de personagens interessantes, que eram mais do que grandes profissionais. Assim era Bertha Lutz — bióloga, diplomata e educadora, sempre engajada politicamente na causa do feminismo.
Bertha Lutz, uma bióloga engajada
16/9/2021 :: Josué Fontana
Hoje completamos 45 anos da morte de um dos nomes mais importantes da ciência, do feminismo e da educação no Brasil do século XX.
Ainda nesse ano, a HBO lançou o documentário Bertha Lutz — A mulher na carta da ONU, sobre o protagonismo da bióloga para assegurar que questões de gênero fossem contempladas nas bases da ONU. Todas as homenagens se justificam.
Bertha Maria Júlia Lutz (2 de agosto de 1894 – 16 de setembro de 1976) foi uma proeminente bióloga, ativista feminista, educadora, diplomata e política brasileira.
Era filha de Adolfo Lutz, considerado o “pai da medicina tropical e da zoologia médica no Brasil”. Professora emérita da UFRJ, Bertha foi membro do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil (1939-1951) e Conselho Florestal Federal (1956).
Biografia
Bertha formou-se em ciências naturais pela Universidade de Paris em 1918, com especialização em anfíbios anuros, ordem que foi alvo de grande interesse da bióloga, ao longo da carreira. Nessa época também teve contato com o movimento feminista inglês.
Em seguida, foi aprovada em um concurso e nomeada secretária do Museu Nacional — a segunda mulher a integrar o serviço público no Brasil. Posteriormente, seria promovida a chefe do departamento de Botânica do Museu, posição que ocupou até se aposentar.
Em 1945 foi escolhida para representar o Brasil na Conferência Internacional das Nações Unidas, na Califórnia. Depois retornou para os estudos herpetológicos, inicialmente no interior do Mato Grosso. Nos anos seguintes fez estudos de campo em diversas cidades do Brasil para observar, principalmente, anuros.
Herpetologia e feminismo
Voltou-se em 1958 para realizar uma monografia sobre os hilídeos brasileiros, apresentando depois um trabalho no Congresso de Herpetologia na Califórnia. Quatro anos depois seria presidente de honra da assembleia da Associação Latino-Americana de Herpetologia.
Completou seus estudos sobre os Hyla catharinae em 1963, descrevendo duas espécies novas. Nessa época escreveu um capítulo sobre anuros para uma enciclopédia norte-americana de animais venenosos e apresentou uma proposta de criação da cadeira de conservação da natureza no Conselho Federal Florestal, além de fazer a revisão dos répteis da coleção Adolpho Lutz.
O Diploma Bertha Lutz hoje presta homenagem à mulheres que tenham oferecido relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no Brasil.
Fontes e referências:
- MELO, Hildete Pereira de; RODRIGUES, Lígia M.C.S. A “Pioneiras da ciência no Brasil”. [PDF]
- Coleção Adolpho Lutz. – A Biblioteca Virtual é um desdobramento do projeto “Adolpho Lutz e a história da medicina tropical no Brasil”
- Roth, Cassia, and Ellen Dubois. “Feminism, Frogs and Fascism: The Transnational Activism of Brazil’s Bertha Lutz.” Gender & History 32.1 (2020) (em inglês).
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