Gripe espanhola
Gripe espanhola: A gripe espanhola (janeiro de 1918 a dezembro de 1920), foi uma pandemia do vírus influenza particularmente mortal. Infectou cerca de 500 milhões de pessoas, um quarto da população mundial na época.
Gripe espanhola
Estima-se que o número de mortos esteja entre 17 milhões a 50 milhões, e possivelmente até 100 milhões, tornando-a uma das epidemias mais mortais da história da humanidade. A gripe espanhola foi a primeira de duas pandemias causadas pelo vírus influenza H1N1, sendo a segunda ocorrida em 2009.

Na Primeira Guerra Mundial minimizaram os primeiros relatos de doenças e sua mortalidade na Europa e Estados Unidos. Os artigos eram livres para relatar os efeitos da pandemia na Espanha, que se manteve neutra na guerra, como a grave enfermidade que acometeu o rei Afonso XIII.
Tais artigos criaram a falsa impressão que a Espanha estava sendo especialmente atingida. Consequentemente, a pandemia se tornou conhecida como “gripe espanhola.”
Os dados históricos e epidemiológicos são inadequados para identificar com segurança a origem geográfica da pandemia, com diferentes pontos de vista sobre sua origem. Todavia, muitos acreditam que a doença teria se originado em acampamentos militares nos EUA.
Padrões da Gripe espanhola
A pandemia matou principalmente adultos jovens. Em 1918-1919, 99% das mortes por influenza pandêmica nos Estados Unidos ocorreram em pessoas com menos de 65 anos e quase metade dos falecidos eram adultos jovens de 20 a 40 anos.

Em 1920, a taxa de mortalidade entre pessoas com menos de 65 anos havia diminuído em relação a pessoas com mais de 65 anos, mas 92% das mortes ainda ocorreram em pessoas com menos de 65 anos.
A ocorrência era incomum, uma vez que a gripe normalmente é mais fatal para indivíduos fracos, como crianças com menos de dois anos de idade, adultos com mais de 70 anos e imunodeficientes.
Segundo o historiador John M. Barry, as mais vulneráveis de todas – “as mais prováveis” – a morrer foram as mulheres grávidas. Barry relatou que em treze estudos com mulheres hospitalizadas na pandemia, a taxa de mortalidade variou de 23% a 71%. Das gestantes que sobreviveram ao parto, mais de um quarto (26%) perderam seus filhos.

Em casos de rápido progresso da gripe, a mortalidade foi principalmente gerada pela pneumonia.
A análise moderna indicou que o vírus foi particularmente mortal por desencadear uma tempestade de citocinas (reação exagerada do sistema imunológico do corpo), que destrói o sistema imunológico mais forte dos adultos jovens.
Efeitos e conclusões
Um grupo de pesquisadores recuperou o vírus dos corpos de vítimas congeladas e infectou animais com ele. Os animais sofreram rapidamente de forma progressiva insuficiência respiratória e morreram. Postulou-se que as fortes reações imunes de adultos jovens haviam devastado seus corpos, enquanto que as reações imunológicas mais fracas de crianças e adultos de meia idade resultaram em menos mortes entre esses grupos.

O acadêmico Andrew Price-Smith argumentou que o vírus ajudou a reduzir o equilíbrio de poder nos últimos dias da guerra em favor dos países aliados. Price-Smith forneceu dados de que as ondas virais atingiram as potências centrais antes dos países aliados e que tanto a morbidade quanto a mortalidade na Alemanha e na Áustria eram consideravelmente mais altas do que na França e no Reino Unido.
Apesar das altas taxas de morbidade e mortalidade geradas pela pandemia, a gripe espanhola começou a desaparecer da conscientização do público ao longo das décadas seguintes até a chegada da gripe aviária e outras pandemias nos anos 1990 e 2000. Consequentemente, alguns historiadores rotularam a gripe espanhola de “pandemia esquecida.”
Estudos científicos
- P. Spreeuwenberg; et al. (1 de dezembro de 2018). «Reassessing the Global Mortality Burden of the 1918 Influenza Pandemic.». American Journal of Epidemiology]. 187 (12): 2561–2567. doi:10.1093/aje/kwy191
- ↑ «Ten things you need to know about pandemic influenza (update of 14 October 2005).» (PDF). Weekly Epidemiological Record (Relevé Épidémiologique Hebdomadaire). 80 (49–50): 428–431. 9 de dezembro de 2005. PMID 16372665