O avanço da genética
O avanço da genética: Um ambiente favorável à genética. Crodowaldo Pavan contribuiu de modo marcante para o avanço da ciência no Brasil
O avanço da genética no Brasil
26/6/2020 :: Evanildo da Silveira / Pesquisa FAPESP. CC BY-ND 4.0
Em 2009 o Brasil perdeu um de seus mais destacados cientistas. Vítima de falência múltipla de órgãos e sistemas, causada por um câncer e um infarto anteriores, o biólogo e geneticista Crodowaldo Pavan morreu no dia 3 abril, aos 89 anos, no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), na qual fez a maior parte de sua bem-sucedida carreira.
Nascido em Campinas, graduado em história natural pela USP em 1941, Pavan foi um dos fundadores da genética no Brasil.
Ao longo de uma trajetória científica de mais de meio século, realizou descobertas importantes, que resultaram em trabalhos publicados com repercussão internacional. Além de ter formado dezenas de pesquisadores no Brasil e nos Estados Unidos e dirigido algumas das instituições científicas mais prestigiadas do país.
Para o geneticista Francisco Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a história de Pavan, que foi seu orientador no doutorado, em 1955, está intimamente associada à da genética no Brasil.
“É impossível falar de uma sem recorrer à outra”, diz Salzano, que assumiu, em dezembro do ano passado, a cátedra Crodowaldo Pavan do Instituto Mercosul de Estudos Avançados, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), localizada em Foz do Iguaçu (PR). “Mas ele também contribuiu marcantemente para o desenvolvimento da genética em nível mundial, por meio de pesquisas das mais importantes.”
Um ambiente favorável à genética
O biólogo André Perondini, professor titular do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, do Instituto de Biociências da USP (IB-USP), lembra que a entrada de Pavan – de quem foi orientando na pós-graduação – no mundo acadêmico, em 1938, coincidiu com um período de especial importância no desenvolvimento da genética no Brasil.
Ele diz, num obituário de Pavan escrito com seu colega do IB João Morgante, também professor titular e aluno de Pavan na graduação, que o ensino dessa ciência começou no Brasil em 1918, na então chamada Escola Agrícola de Piracicaba. Em seguida, em 1927, foi a vez da Faculdade de Medicina da USP e, em 1933, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
“Mas o grande impulso foi dado com a criação da cátedra de biologia geral, ocupada pelo professor André Dreyfus, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP, em 1934”, conta.
“A ela se somou a cátedra de citologia e genética geral, comandada pelo professor Friedrich Gustav Brieger, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, campus de Piracicaba, em 1936.”
O impulso decisivo na verdade ocorreu, no entanto, em 1943, com a chegada ao Brasil de ninguém menos do que Theodosius Dobzhansky. O russo naturalizado norte-americano, responsável pela unificação da teoria da evolução de Charles Darwin com a genética mendeliana.
“Dobzhansky estava no auge de sua carreira, era um deus”, lembra Luiz Edmundo Magalhães, professor titular de genética e evolução e ex-diretor do Instituto de Biociências da USP, que foi o primeiro aluno de doutorado de Pavan. “O seu livro Genetics and the origin of species, lançado pela Columbia University Press, em 1937, foi um grande sucesso.”
Fonte: Revista Fapesp > Um ambiente favorável à genética I Veja as outras matérias do Especial Crodowaldo Pavan
Você precisa fazer login para comentar.