Veste-amarela
Veste-amarela: Ameaçado de extinção, esse pássaro de cor exuberante tem sido cada vez menos visto no Brasil e figura como ‘vulnerável’ na lista da IUCN. Como ocorre com diversas outras espécies, o veste-amarela enfrenta o avanço do agronegócio nos Pampas, entre outras ameaças.
Veste-amarela, uma esperança para os Pampas
18/2/2022 :: por Marco Pozzana, biólogo
É bonito de se ver os bandos de veste-amarela (Xanthopsar flavus) voando na vastidão dos pampas. O que preocupa os biólogos e admiradores dessa ave é que as populações vem diminuindo com o avanço da degradação do seu habitat.

Também chamada de pássaro-preto-de-veste-amarela essa espécie vive principalmente em locais próximos de fontes de água, como brejos e áreas pantanosas. Forma normalmente bandos de 10 a 50 indivíduos. Mantém uma relação de convívio e cooperação com outras aves, tais como a noivinha-de-rabo-preto (Xolmis dominicanus).
Os machos possuem uma máscara negra bem como a nuca e a parte superior das costas pretas, com amarelo e tons de laranja na face e ventre. Nas fêmeas, no lugar da cor preta se apresenta o tom marrom.
Da família Icteridae, ordem Passeriformes, os veste-amarela alimentam-se essencialmente de insetos e suas larvas encontrados no solo. Estão presentes no Brasil nos estados do Rio Grande do Sul (principalmente) e Santa Catarina. Também ocorre no Paraguai, Uruguai e Argentina.

Degradação dos Pampas
O Pampa é o único bioma brasileiro presente apenas no Rio Grande do Sul, onde ocupa 63% do território. É um dos menores no país, com 176,5 mil quilômetros quadrados, atrás apenas do Pantanal.
Apesar de sua riqueza de espécies, a vegetação dos pampas não é protegida como a de outros biomas brasileiros. Nas últimas décadas, até 43,7% da área foi perdida pelo desmatamento. Em 2020, o INPE registrou a maior área queimada da série histórica.
Conservação
A população vem declinando no Brasil por diversos fatores, entre esses destacam-se as atividades agrícolas, destruição dos ninhos e até o tráfico de animais.
Não há uma política pública eficaz para proteger a flora e a fauna dos Pampas. Felizmente, desde 2007 fazendeiros eco-responsáveis vem se unindo e se articulando para proteger a vegetação nativa das planícies do Sul e sua fauna associada, como essa bonita ave.
O desafio é complexo. Todavia, uma importante medida foi a criação do grupo Alianza Del Pastizal, que hoje conserva 150 mil hectares de vegetação nativa do Pampa gaúcho. O Veste-Amarela foi escolhido como símbolo da luta da organização.
Fontes e referências:
- Passarinho ameacado reaparece e-salva milhares de terras no pampa gaucho – ECOA/UOL – 19/10/2021
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Bruno, Sávio Freire. 100 Animais brasileiros ameaçados de extinção. p.63
- ITIS – Report: Xanthopsar flavus – Integrated Taxonomic System – Report – (em inglês).