ConservaçãoOrnitologiaZoologia

Papagaio-de-orelha-amarela

Papagaio-de-orelha-amarela: espécie de ave — Ognorhynchus icterotis — ameaçada dos trópicos da América do Sul. Felizmente, medidas de conservação entraram em ação e as populações vem se recuperando.artigo original www.biologo.com.br

Papagaio-de-orelha-amarela, o voo da recuperação 

3/6/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

Em tempos de grave perda de biodiversidade ocorrendo por todo o mundo, é de se comemorar sempre que uma espécie ameaçada consegue se recuperar, mesmo que discretamente.

Ognorhynchus icterotis - Papagaio de orelhas amarelas
O. icterotis © Francesco Veronesi

Pois esse é o caso do papagaio-de-orelha-amarela (Ognorhynchus icterotis), encontrado na Colômbia andina. Esta ave chegou a ser considerada extinta quando, em um momento emocionante em abril de 1999, um grupo de pesquisadores descobriu um total de 81 indivíduos. 

Desde então as medidas de proteção tem se mostrado eficientes. O número mínimo de indivíduos maduros foi posteriormente foi estimado em 212 e a IUCN já projeta que há mil indivíduos maduros na natureza.

Uma íntima relação

O papagaio-de-orelha-amarela está fortemente relacionado à planta Ceroxylon quindiuense, pertencente à família Arecaceae. A relação é tão próxima, que essas aves dependem da palmeira em significativa parte de seu ciclo de vida.

O fruto da planta é um de seus principais alimentos, embora sua dieta também inclua outras plantas, bem como suas partes: frutas, sementes, cascas, brotos e até samambaias. Eles também nidificam nessas palmeiras por seus propícios troncos ocos.

Ognorhynchus icterotis (Massena & Souancé, 1854)

O papagaio-de-orelha-amarela habita algumas áreas da Cordilheira Ocidental e Central da Colômbia, a Cordilheira dos Andes, em florestas nubladas a cerca de 1.800-3.000 metros acima do nível do mar.

Papagaio-de-orelha-amarela, o voo da recuperação 
© Francesco Veronesi

O casal nidifica nos troncos ocos das palmeiras, geralmente 25 a 30 metros acima do nível do solo. Trata-se de um papagaio de cauda longa, com um comprimento médio de 42 cm e peso de cerca de 285 g.

A plumagem é verde, com as partes inferiores mais pálidas. Seu bico é robusto e ostenta um anel de pele nua ao redor dos olhos pretos. Sua vocalização pode soar de modo semelhante ao chamado dos gansos.

Conservação

Uma vez esta ave era bem mais numerosa e com mais ampla destribuição, mas diversas ameaças causadas pelo homem fizeram que seus números fossem bastante reduzidos, e que a espécie não fosse mais vista até ser redescoberta em 1999.

A caça e destruição dos habitats, juntamente com a exploração da Ceroxylon quindiuense, palmeira tradicionalmente cortada e usada anualmente no Domingo de Ramos eram as principais ameaças. Hoje a espécie é listada como ‘vulnerável’ na IUCN.

O plano de conservação que vem sendo posto em prática com relativo sucesso tem focado na proteção dessa valiosa palmeira, bem como na proteção de suas florestas de altitude e no trabalho de educação ambiental.

Para melhorar a proteção para a espécie novos estudos devem ser feitos, com o intuito de entender as populações, sua distribuição, comportamento e outras informações valiosas. 

Fontes e referências:

apoie o BiólogoApoie o Biólogo

Comentários do Facebook