Buriti
Buriti
“Mauritia flexuosa L. f. “Morety he outro modo de palma mto comprida e no alto tem hua roda q faz cõa folhada e dá hus cachos de coquos mto grandes … a fructa se come.”
C.Lisboa 1631, em “Animais e Árvores do Maranhão”
Buriti
Mauritia flexuosa L. f.
de Fernando Tatagiba * :: No bioma Cerrado é a espécie que caracteriza as veredas, marcante fitofisionomia da região, ocorrendo também em matas de galeria e ciliares, podendo formar densos buritizais.
Para além dos domínios do Cerrado, corre em toda a Amazônia e Pantanal, sobre solos mal drenados, em áreas de baixa altitude até 1000m, sendo considerada a palmeira mais abundante do país.
Importância do Buriti
Produz anualmente grande quantidade de frutos, que podem ser consumidos ao natural, na forma de sucos, sorvetes, doces ou desidratados.
Segundo Rafael Teixeira, guia na Chapada dos Veadeiros especializado em flora e avifauna do Cerrado, os frutos integram a dieta de mamíferos como a cutia, a capivara e a anta, e de aves como a arara.
Em algumas cidades no Piauí, como Dom Expedito Lopes, o doce do buriti é fabricado e embalado em caixinhas feitas a partir do talo (pecíolo) de folhas do próprio buriti. O doce é comercializado em feiras do Distrito Federal e Goiânia.
“As mulheres guerreiras, senhoras de seu corpo, são como a palmeira do murity, que rejeita o fructo antes que elle amadureça e o abandona á correnteza do rio.”
– J. Alencar 1874
A espécie possui íntima relação com a água, que atua na dispersão de seus frutos e auxilia na quebra da dormência das sementes. O viveirista Julmar Andrade, o “Mineiro”, recomenda que antes do plantio devemos deixar as sementes do buriti de molho durante 30 dias, trocando a água todos os dias. O procedimento quebra a dormência das sementes e promove uma homogeneização na germinação do lote.
Os pecíolos (talos) e a palha de suas folhas são muito utilizados na cobertura de casas e ranchos, bem como no artesanato regional, para a confecção de cestos e móveis.
Uso medicinal
“…palmeira denominada brutíz, que he alta, e grossa com folhas de mais de sete pés de comprimento: do seu fructo fazem os índios, e ainda os antigos certanistas um vinho, que se asemelha ao da videira na cor e gosto.”
– Casai 1817, em Corografia Brasílica
O uso medicinal está associado ao óleo extraído da polpa dos frutos, com propriedades energéticas e vermífugas.
Rico em pró-vitamina A (500 000 UI), com índice de 300mg/100g, o óleo é usado contra queimaduras na pele, provocando alívio imediato e auxiliando na cicatrização.
O óleo absorve radiações no espectro ultra-violeta, sendo um eficiente filtro solar Tem sido empregado recentemente pela indústria cosmética entrando na composição de sabonetes, cremes e xampus.
Bibliografia consultada:
- ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.E.B.; SANO, S.M.; RIBEIRO, J.F. , 1998. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMPRAPA-CEPAC.
- Cunha, Antônio Geraldo da, 1924. Dicionário Histórico das palavras portuguesas de origem tupi / Antônio Geraldo da Cunha; prefácio-estudo de Antônio Houaiss. 4 ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasíla: Universidade de Brasília, 1998.
- Lorenzi, H. et al., 2004. Palmeiras Brasileiras e Exóticas Cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.
- Silva, D.B. da; et al., 2000. Frutas do Cerrado. Brasília: Emprapa Informação Tecnológica
Fernando Tatagiba, Msc. tatagiba@biologo.com.br – Biólogo/botânico :: Plantas do Cerrado
* Artigo originalmente publicado no Biólogo em 20/09/2006
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