Alfred Wallace
Alfred Wallace: Embora tenha contribuído para o desenvolvimento da teoria da seleção natural pela qual Darwin ficou famoso, Alfred Russel Wallace (1823-1913) nunca recebeu o devido reconhecimento. Conheça um pouco do seu trabalho e legado!
Alfred Wallace
Em fevereiro de 1858, em pesquisa nas Ilhas Molucas, Indonésia, Wallace — naturalista, geógrafo, antropólogo e biólogo britânico — escreveu um ensaio no qual praticamente definia as bases da teoria da evolução.
Enviou-o a Charles Darwin, com quem mantinha correspondência, pedindo ao colega uma avaliação do mérito de sua teoria, bem como o encaminhamento do manuscrito ao geólogo Charles Lyell.
Darwin se deu conta de que o manuscrito de Wallace apresentava uma teoria praticamente idêntica à sua. A mesma em que vinha trabalhando, com grande sigilo, ao longo de vinte anos. Escreveu então ao amigo Charles Lyell: “Toda a minha originalidade será esmagada”.
Estudo pioneiro em Evolução
Para evitar que isso acontecesse, Lyell e o botânico Joseph Hooker – também amigo de Darwin e com grande influência no meio científico – propuseram que os trabalhos fossem apresentados simultaneamente à Linnean Society of London, em 1 de julho de 1858. Em seguida, Darwin decidiu terminar e expor rapidamente sua teoria: A Origem das Espécies, publicada no ano seguinte.
Wallace foi o primeiro a propor a distribuição geográfica das espécies animais e, como tal, é considerado um dos precursores da ecologia e da biogeografia e, por vezes, chamado de “Pai da Biogeografia”.
Em 1855 Wallace publicou o artigo, “On the Law Which has Regulated the Introduction of Species“. Nele ele junta e enumera observações gerais sobre a distribuição geográfica e geológica das espécies (biogeografia) e conclui que “Cada espécie surgiu coincidindo tanto em espaço quanto em tempo com uma espécie aproximamente a ela aliada.”
Esse artigo, também conhecido como a Lei Sarawak foi um prenúncio ao monumental artigo que ele escreveu três anos mais tarde.
Wallace encontrou-se brevemente e apenas uma vez com Darwin, e foi um dos seus numerosos correspondentes de todas as partes do mundo, cujas observações Darwin utilizou para dar suporte às suas teorias. Wallace sabia que Darwin tinha interesse na questão de como as espécies se originavam e confiava na opinião dele sobre o assunto.
Assim, ele lhe enviou seu ensaio “On the Tendency of Varieties to Depart Indefinitely From the Original Type” (Sobre a Tendência das Variedades de se Separarem Indefinidamente do Tipo Original) – 1858, e pediu-lhe que escrevesse a crítica.
O manuscrito de Wallace
Em junho de 1858, Darwin recebeu o manuscrito de Wallace. Embora o ensaio de Wallace ainda não propusesse o famoso conceito darwiniano de seleção natural, enfatizava uma divergência evolutiva entre as espécies e suas similares. Nesse sentido era semelhante à teoria sobre a qual Darwin tinha trabalhado durante 20 anos, e que nunca tinha sido publicada.
Darwin escreveu: “Ele não poderia ter feito um pequeno resumo melhor! Até os seus termos constam agora nos títulos dos meus capítulos!”
Apesar de Wallace não ter pedido que publicassem o seu ensaio, Charles Lyell e Joseph Hooker decidiram apresentar o ensaio junto aos trechos de um artigo, que Darwin havia escrito em 1844 e mantido confidencial, à Linnean Society of London, dando destaque à teoria de Darwin.
Wallace aceitou o arranjo após o fato, agradecido por ter sido incluso. O status social e científico de Darwin naquela época era muito superior ao de Wallace e era improvável que as observações de Wallace sobre a evolução tivessem sido aceitas com a mesma seriedade, caso fossem apresentadas independentemente.
Apesar de afastado da posição de codescobridor e não de socialmente igual à Darwin ou aos outros cientistas britânicos de elite, Wallace foi contemplado com acesso facilitado aos meios científicos britânicos altamente divulgados após a posição favorável que recebeu de Darwin. Quando retornou à Inglaterra, Wallace encontrou-se com Darwin e os dois permaneceram amigos, desde então.
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