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Crocodilo-siamês

Crocodilo-siamês: espécie muito rara de crocodilo de água doce (Crocodylus siamensis), tem suas populações naturais declinando mesmo com os esforços conservacionistas. Encontra-se criticamente ameaçado de extinção, segundo a IUCN.artigo original www.biologo.com.br

Crocodilo-siamês, um raríssimo réptil prospera em cativeiro

20/9/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

Um dos répteis mais ameaçados na natureza, o Crocodylus siamensis é nativo da Indonésia, Brunei, Malásia Oriental, Laos, Camboja, Mianmar, Tailândia e Vietnã. Uma série de problemas ambientais levaram o crocodilo-siamês a ser extinto em muitas regiões onde era comum e a quase desaparecer de tantas outras.

Crocodylus siamensis
Crocodylus siamensis com a boca aberta para liberar calor

Felizmente, em cativeiro a espécie se reproduziu com sucesso, o que possibilitou a reintrodução em áreas onde havia sido extirpada. Mesmo assim, a situação da conservação na natureza é dramática, uma vez que a perda e degradação de seu habitat tem se acentuado, tornando a proteção desse animal desafiadora. 

Mesmo com o interesse e mobilização para proteger o crocodilo-siamês, há uma carência de estudos sobre a sua biologia e comportamento, conhecimento esse que poderia auxiliar em sua conservação.

Crocodylus siamensis (Schneider, 1801)

A espécie tem um porte médio para um crocodilo de água doce. Mesmo assim, os grandes machos podem atingir 4 metros de comprimento e pesar até 350 kg. No entanto, a maioria dos animais não passa dos 3 metros. As fêmeas são um pouco menores.

Destaca-se no corpo a cor verde-oliva, variando para o verde-escuro. Apresenta um focinho relativamente largo e liso e uma crista óssea elevada atrás de cada olho. 

Crocodilo-siamês, um raríssimo réptil prospera em cativeiro
Um crocodilo-siamês se aquecendo © Tontan Travel

Podem ocupar variados habitats de água doce, entre eles, rios, riachos, lagos e pântanos. Os animais maduros se alimentam principalmente de peixes e cobras, mas também de anfíbios e até pequenos mamíferos. As fêmeas constroem ninhos com partes vegetais misturadas com lama. 

Com seus hábitos pouco conhecidos na natureza, sabe-se que em cativeiro se reproduzem na estação chuvosa, pondo entre 15 e 50 ovos, protegidos até a eclosão. Após a incubação, a fêmea ajuda os filhotes a sair dos ovos e, em seguida, os leva cuidadosamente para a água em suas mandíbulas.

Outros nomes populares: crocodilo-de-água-doce-siamês, grão-pequeno-de-singapura e barriga-mole

Extinto em cerca de 99% de sua área original, o crocodilo-siamês é tido como um dos crocodilos menos estudados e mais ameaçados do mundo. Os efeitos da guerra do Vietnã, incluindo Laos e Camboja, causaram grandes baixas na população.

Crocodilo-siamês, um raríssimo réptil prospera em cativeiro
Crocodilo-siamês (Crocodylus siamensis) © lonelyshrimp

Entre as principais causas de seu declínio está a conversão de zonas úmidas para agricultura, além do uso indiscriminado de fertilizantes químicos e pesticidas na lavoura. A criação de gado também representa um problema. 

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Barragens e alterações nos cursos dos rios permanecem como graves ameaças. Além disso, projetos já aprovados de usinas hidroeléctricas devem causar grande impacto nos próximos anos, mesmo em áreas protegidas.

Embora criticamente ameaçada, há uma população selvagem residual — mesmo que severamente fragmentada — em diversas áreas e países, para fornecer uma base para a recuperação. Além disso, em cativeiro há um bom número de animais para possibilitar reintroduções, como ocorreu no Vietnã.  

Em comparação com outras espécies de crocodilo, o C. siamensis é considerado relativamente pouco perigoso para os humanos, portanto a possibilidade de pessoas e crocodilos coexistirem no ambiente selvagem parece viável. É preciso que a mobilização para salvar o crocodilo-siamês prossiga, para que ainda seja possível vê-lo onde deve estar: na natureza.

Fontes e referências:

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