Evolução das borboletas
Evolução das borboletas: Baseados na análise de genes e fósseis, estudos estimam que esses insetos surgiram entre 120 e 100 milhões de anos atrás.
Com voo leve, formas variadas e cores em geral vistosas, as borboletas talvez estejam entre os raros insetos que, em vez de repulsa, despertam deslumbramento nas pessoas – exceto, claro, nas que sofrem de motefobia.
Evolução das borboletas
por Ricardo Zorzetto mar. 2019 / Pesquisa FAPESP :: Os biólogos as adoram por uma série de razões. As borboletas se destacam na paisagem, são fáceis de capturar e funcionam como indicadores da saúde de um ambiente.
Também permitem realizar estudos evolutivos que tentam desvendar como elas se diversificaram tanto – há quase 19 mil espécies atuais – e quais fatores ambientais podem ter influenciado o surgimento de novas espécies desses insetos e de plantas e animais com os quais interagem. Para lidar com as duas últimas questões, há quase um século tenta-se desvendar quando surgiram as borboletas.
Apenas nos últimos anos, os especialistas no assunto, do Brasil e do exterior, começaram a se aproximar de uma idade mais precisa.
Evolução e origem das borboletas
As primeiras borboletas, possivelmente mais parecidas com mariposas, teriam surgido entre 120 milhões e 100 milhões de anos atrás. O trabalho mais recente a estabelecer uma cronologia robusta para essa origem foi publicado em janeiro deste ano na Systematic Biologypor um grupo do qual participou o entomologista André Lucci Freitas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
No estudo, os pesquisadores chegaram a uma data intermediária: 107,6 milhões de anos – mesmo assim, com uma margem de erro grande (de 130 milhões a 90 milhões de anos), comum nos estudos de filogenia desse grupo de insetos.
A razão para a escassez de fósseis é que eles só se formam em condições especiais: a borboleta tem de ser aprisionada na resina de uma árvore ou morrer em terreno lamacento e ser logo recoberta por sedimentos, que, solidificados, preservam seu corpo ou a impressão dele.
“Uma dificuldade é que quase não existem fósseis de borboletas em bom estado e com idade bem definida para indicar a data mínima de origem de diferentes grupos e servir como ponto de referência na genealogia”, explica Freitas.
Árvore evolutiva
Construir uma árvore evolutiva até os fundadores de um grupo de plantas ou animais é uma viagem complexa rumo ao passado. Parte-se das espécies atuais, que são sucessivamente agrupadas de acordo com o grau de semelhança genética e de formas externas e estruturas.
A abordagem segue o raciocínio de que, quanto mais semelhantes, mais próximas as espécies. Segundo Freitas, foram 15 anos de trabalho para reunir os dados apresentados no artigo da Systematic Biology. Os pesquisadores examinaram as características anatômicas de 994 espécies de borboletas existentes hoje (quase 5% do total) e usaram a taxa de alterações (mutações) acumuladas em 10 genes para agrupá-las em 39 subfamílias e, depois, em 7 famílias.
> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp > A Origem das borboletas
CHAZOT, N. et al. Priors and Posteriors in bayesian timing of divergence analyses: The Age of Butterflies Revisited. Systematic Biology. 25 jan. 2019.
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