Leão-do-atlas
Leão-do-atlas: um grande e imponente leão, com uma enorme juba negra que lhe cobria boa parte do corpo. Assim era o leão-do-atlas, que dominava parte do norte da África e regiões do Egito a Marrocos, antes que os homens e suas armas de fogo pusessem fim ao seu reinado.
Leão-do-atlas, onde anda o gigante?
30/8/2021 :: Por Josué Fontana
O Leão-do-Atlas ou Leão da Barbária (Panthera leo leo) teve seus tempos de glória. Lentamente, a presença do homem foi impactando as populações do animal, mas mesmo quando os romanos o faziam lutar com outras feras, como o extinto Tigre-do-cáspio em pleno Coliseu, o leão-do-atlas resistia bem em savanas, florestas e montanhas. Todavia, chegou um tempo em que foi abatido aos milhares pelos homens e suas armas modernas.
Acredita-se que o último leão-do-atlas em liberdade foi morto em 1922 em Marrocos, na região dos montes Atlas. Desde então é considerado extinto na natureza, e tinha-se como certo que esta subespécie estava completamente eliminada. Até serem encontrados, em cativeiro, animais com características da subespécie Panthera leo leo.
Outros nomes: Leão da Barbária, Leão berbere ou Leão Egípcio
O animal vivia no norte da África, do Marrocos ao Egito, especialmente nas montanhas e desertos da costa da Barbária, mas avistamentos dos séculos XIX e XX mostram que o leão-do-atlas também habitava florestas e bosques e mediterrâneos.
Características:
Em relatos de caçadores do século XIX, era considerado o maior leão, com um peso dos machos variando de 270 a 300 kg. Porém, tais dados antigos medidos em campo são questionáveis. De qualquer forma, era um animal muito grande, tido como uma das maiores subespécies de leão. O maior já registrado foi um macho de 3,25 metros de comprimento, incluindo sua cauda de 75 cm.
O comprimento da cabeça à cauda de machos empalhados em coleções zoológicas varia de 2,35 a 2,8 m e o tamanho do crânio variando de 30,85 a 37,23 cm. A juba tinha de 8 a 22 cm de comprimento. O leão-do-atlas pode ter desenvolvido crinas de pêlo comprido, devido às temperaturas mais baixas das Montanhas Atlas do que em outras regiões africanas.
Extinção do Leão-do-atlas na natureza
Incentivados por recompensas pagas para quem matasse leões, em meados do século XIX a população de leões da Barbária diminuiu drasticamente. As florestas de cedro e as montanhas vizinhas na Argélia abrigaram o leão-do-atlas até cerca de 1884.
Os mesmos desapareceram de Bônen, na Argélia, em 1890, nas regiões de Khroumire e Souk Ahras em 1891 e na província de Batna em 1893.
No início do século XX, os leões do atlas já eram raros. Entre 1839 e 1942, os avistamentos de leões selvagens eram de animais solitários, pares ou pequenos grupos familiares. A análise desses avistamentos indica que os leões continuaram vivendo em bandos, mesmo intensamente caçados, principalmente ao leste do Magrebe.
A última fotografia de um leão do atlas nas montanhas do Atlas foi tirada por Marcelin Flandrin em um voo de Casablanca para Dacar em 1925 (foto*). A última matança na Barbária ocorreu em 1942 na parte marroquina das Montanhas Atlas.
Uma pequena população pode ter sobrevivido em montanhas remotas até o início dos anos 1960. O último avistamento conhecido de um Leão da Barbária na Argélia ocorreu em 1956.
Uma esperança para a linhagem do leão-do-atlas
Descobriu-se que alguns leões de zoológicos ao redor do mundo são descendentes dos leões-do-atlas, porém estão hibridizados. Os felinos do zoológico Tebara, em Marrocos, revelaram-se com a linhagem genética próxima ao Panthera leo leo.
Com base nessa descoberta, surgiu um projeto para recriar o leão-do-atlas por meio de uma criteriosa reprodução entre seus descendentes. A iniciativa deu resultados, e em 2019 nasceram 2 filhotes de leão-do-atlas na República Tcheca. A reintrodução no ambiente selvagem original é difícil e polêmica, porque esses lugares se encontram em grande parte degradados e povoados por humanos e animais de criação.
Fontes e referências:
- When Did the Fabled Barbary Lion Go Extinct? – therevelator.org (em inglês).
- Barbary lion – Wikipedia.org (em inglês).
- Nowell, K.; Jackson, P. (1996). “Wild Cats of Africa” (PDF). Wild Cats: status survey and conservation action plan (em inglês).
- Antunes, A.; Troyer, J. L.; Roelke, M. E.; Pecon-Slattery, J.; Packer, C.; Winterbach, C.; Winterbach, H. & Johnson, W. E. (2008). “The Evolutionary Dynamics of the Lion Panthera leo revealed by Host and Viral Population Genomics”. PLOS Genetics (em inglês).
- Burger, J.; Hemmer, H. (2006). “Urgent call for further breeding of the relic zoo population of the critically endangered Barbary lion (Panthera leo leo Linnaeus 1758)”(PDF). European Journal of Wildlife Research (em inglês).
- Nascem 2 filhotes de leão-do-atlas, extinto na natureza há quase um século – revistagalileu.globo.com
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