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Esperança para o cervo-do-pantanal

artigo original www.biologo.com.br

Cervos-do-pantanal no Brasil: Mamífero majestoso, o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) já foi extinto no Uruguai e continua declinando nos lugares onde persiste. No Brasil, a situação é dramática, mas está em curso um programa de conservação.

Esperança para o cervo-do-pantanal

3/2/2023 ::  Marco Pozzana, biólogo

Animal da família dos cervídeos (Cervidae) e único representante do gênero Blastocerus, o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) outrora ocupava largos territórios da América do Sul, presente desde o sul do rio Amazonas até o norte da Argentina.

Infelizmente a situação hoje é bem diferente e a espécie só é comum no Pantanal, na bacia do rio Guaporé, na ilha do Bananal e em Esteros del Iberá, na Argentina, ameaçada de extinção, pressionada por diversas ameaças.

O macho possui chifres. Mélanie and Kyle Elliott 

É nativo da América do Sul, incluindo a região do Pantanal brasileiro. Além do território nacional, pode ser encontrado na Argentina, Bolívia, Peru e Paraguai.

Destaca-se por sua habilidade de nadar e se adaptar a ambientes alagados, capaz de atravessar grandes distâncias a nado, tornando-o único entre os cervos. É o maior cervídeo sul-americano, podendo pesar até 140 quilos e ter até 1,90 de comprimento e 127 centímetros de altura. A pelagem é marrom escura com manchas brancas na barriga e patas traseiras.

Somente os machos possuem chifres, que chegam até 60 centímetros de comprimento e também têm pescoços mais robustos que das fêmeas. Os machos podem alcançar 140 quilos e 1,90 de comprimento.

Outros nomes: veado-de-rosto-branco, suaçuetê, suaçupu, suaçuapara, guaçupuçu

No Pantanal, onde a espécie é menos caçada, ela tem hábitos diurnos, mas possui hábitos noturnos em outras regiões muito alteradas pelo homem, como na bacia do rio Paraná. É considerado um animal solitário, apesar de eventualmente ser observado em pequenos grupos familiares.

Na Bolívia, a espécie também é considerada “vulnerável”, e na Argentina, como “em perigo”. No Brasil, as populações resistem principalmente no Pantanal. No Rio Grande do Sul a última população está isolada em reservas ambientais na região metropolitana da capital Porto Alegre, próximos de onde vivem 4,4 milhões de pessoas.

Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus)
Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus). Jonathan Wilkins

Muitas ameaças deixam o futuro do cervo-do-pantanal incerto. A caça é um problema grave, uma vez que sua carne é visada pelos caçadores. Cães domésticos são outro fator preocupante, pois atacam animais adultos e seus filhotes, além de transmitirem doenças. Por isso, o trabalho de conservação também inclui uma campanha de castração dos animais domésticos das fazendas e de moradores ribeirinhos.

A conservação do maior cervídeo sul-americano

O agro-negócio é uma ameaça grave pois o uso de agrotóxicos e a degradação ambiental da produção impactam profundamente as populações, que na América do Sul estão vulneráveis e em declínio, como alerta a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A espécie é criticamente ameaçada de extinção em alguns estados brasileiros.

A fragmentação de seu território por barragens, rodovias e atividades humanas também tem um impacto negativo na espécie. No continente sul-americano, o cervo-do-pantanal e a onça-pintada (Panthera onca) estão entre as espécies que mais tiveram sua distribuição reduzida — com 76% e 40% de perda de seu território, respectivamente.

A Companhia Energética de São Paulo inundou uma das maiores áreas de distribuição do cervo no estado de São Paulo por conta da construção da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos. Como contraponto, criou o Centro de Conservação do Cervo-do-Pantanal, uma área com cerca de 764 hectares que conta com 40 indivíduos resgatados.

Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus)

As populações brasileiras podem se extinguir “em curto espaço de tempo”, como alerta o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Cervídeos Ameaçados de Extinção, do ICMBio. Felizmente, no Brasil, cientistas, ONGs e governo agem de forma conjunta para salvar esta importante espécie. Para tal, buscam sobretudo recuperar as matas e conectar elas com os fragmentos isolados.

Na Argentina, é protegida principalmente pela Reserva Natural de Iberá, no Parque Nacional Mburucuyá e na Reserva Natural Otamendi. Na Bolívia, persiste na Reserva Natural de Beni e no Parque Nacional Isiboro Securé.

Com uma situação tão delicada, são indispensáveis as medidas tomadas para proteger o Cervo-do-pantanal e seu habitat. Isso inclui a criação de áreas protegidas, a implementação de leis mais rígidas para coibir a caça ilegal e a educação da população local sobre a importância da conservação desta espécie única.

Fontes e referências:
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