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Importância dos Oceanos

Importância dos Oceanos: Apesar de reunir 97% de toda a água do planeta, cerca de 90% do oceano ainda são um mistério. Segurança alimentar, estabilidade climática, biodiversidade, energias alternativas, biotecnologia e lazer são alguns dos benefícios oferecidos pelos mares à humanidade.

Importância dos Oceanos

22/3/2021 ::  Por Josué Fontana

Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 22 de março de 1992, o Dia Mundial da Água surgiu como esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos.

Acidificação dos oceanos
Acidificação dos oceanos

Embora esteja presente em 70% da superfície da Terra, reunindo mais de 97% de toda a água do planeta, o oceano permanece desconhecido e aparentemente distante do cotidiano da maioria das pessoas, mesmo quando falamos sobre a importância da água em nossas vidas.

Pesquisadores estimam que cerca de 90% desse universo ainda não foram desvendados e apenas um terço da biodiversidade marinha já foi catalogada.

O oceano provê bens e serviços estratégicos para o planeta, que beneficiam direta e indiretamente toda a sociedade. “Pode-se destacar a segurança alimentar e ambiental, previsão e estabilidade climática, bio e geoprospecção para a identificação e obtenção de organismos e minerais de interesse, respectivamente, energias alternativas, biodiversidade, lazer, dentre outros serviços.

Manutenção da vida

Arquipélago de São Pedro e São Paulo
Arquipélago de São Pedro e São Paulo

A imensa biodiversidade do oceano, além de prover alimento de alta qualidade nutricional, também tem enorme potencial biotecnológico para a produção de novos fármacos e outros bioprodutos marinhos”, destaca Eduardo R Secchi, membro de Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande-FURG (RS) e membro do Grupo de Especialistas em Cetáceos da International Union for Conservation of Nature (IUCN).

Para Alexander Turra, professor titular do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e também membro da RECN, a sociedade conhece pouco todo esse potencial. “Precisamos investigar mais, tanto do ponto de vista das riquezas que o oceano guarda e que pode nos oferecer, quanto dos detalhes de seu funcionamento e de sua complexidade. Conhecendo mais, poderemos cuidar melhor”, afirma Turra, doutor em Ecologia e responsável pela Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano.

Desafios

Oceanos. Filme completo
Oceanos.

Entre os maiores desafios para ampliar esse conhecimento estão o apoio às pesquisas e o engajamento da sociedade.

“Além de conhecimento, novos estudos abrem espaço para o desenvolvimento de soluções para os desafios atuais e de negócios de impacto positivo. Também é preciso aliar a pesquisa a processos de inovação, comunicação e tecnologia para que mais pessoas e atores se envolvam com a causa oceânica”, afirma Omar Rodrigues.

“Mais que promover o conhecimento, é preciso também transmiti-lo de forma eficiente à sociedade, para que tenhamos o engajamento de todos pela proteção, inclusive com legislações e políticas públicas que fortaleçam e conservem esse ecossistema”, ressalta.

A entidade, com uma trajetória de 30 anos, é uma das representantes da sociedade civil na Década do Oceano no Brasil. A Década (2021 a 2030), decretada pela Organização das Nações Unidas (ONU), estabelece ações e metas globais a favor da sustentabilidade do oceano.

Serviços ecossistêmicos

Importância dos Oceanos
foto: divulgação

De acordo com Turra, a busca pela sustentabilidade no oceano passa por três elementos-chave: produção sustentável, prosperidade equitativa (distribuição compartilhada dos recursos) e proteção efetiva. O pesquisador destaca que, até 2030, as atividades sustentáveis podem gerar 12 milhões de novos empregos no mundo.

“O Painel de Alto Nível para a Economia Sustentável do Oceano prevê que, nos próximos 30 anos, até 2050, o oceano tem o potencial de gerar 40 vezes mais energia do que produz atualmente. E é capaz de gerar seis vezes mais alimento de origem marinha, tudo de forma sustentável”, salienta. “Existe a oportunidade de criar US$ 15,5 trilhões em benefícios para a humanidade até 2050 a partir de investimentos feitos no oceano”, completa.

Boa parte da economia global passa pelo oceano, já que grande parcela do comércio internacional é transportado pelo mar, sem contar sua influência para o clima e a produção de alimentos. “Toda a produção agrícola, e por consequência boa parte da nossa alimentação e das nossas receitas de exportação, depende do clima e da água. O oceano está conectado com a água dos rios, o ciclo da chuva e a regulagem do clima do planeta”, frisa Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo e também membro da RECN.

Potencial

Bióloga pelos oceanos
Bióloga pelos oceanos

O potencial biotecnológico existente nos mares ainda é apenas parcialmente conhecido. Pesquisas indicam que estão no oceano respostas e curas para a maior parte das doenças que existem e que venham a existir, como fármacos e vacinas

A geração de energia, aproveitando a dinâmica de ondas, correntes de maré e ventos, e toda a cadeia da indústria do turismo são outras possibilidades de geração de riquezas e utilização sustentável capazes de criar milhões de empregos e recursos para a sociedade.

Está no oceano também a capacidade de reduzir significativamente os gases de efeito estufa da atmosfera, mantendo sob controle a temperatura do planeta. Isso porque as algas marinhas absorvem bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. “Estudos mostram que 30% de áreas protegidas no oceano poderiam ser capazes de restaurar e conservar os habitats e a biodiversidade para, assim, sustentar todos esses serviços e benefícios essenciais que recebemos”, ressalta Turra.

Papel do cidadão
Biodiversidade marinha no Brasil
Biodiversidade marinha no Brasil

Um dado pouco conhecido é que o oceano fornece 54% do oxigênio que respiramos. “Uma hipótese para o baixo conhecimento em relação ao oceano é o fato de que não o habitamos. A tendência é cuidarmos apenas do que está logo à nossa frente”, reflete Christofoletti.

“É preciso entender que tudo no planeta está interligado. Não existe mais a nossa saúde, a saúde dos animais, a saúde da natureza. A saúde é única e a pandemia está mostrando isso”, analisa, lembrando que o desmatamento e a urbanização desordenada são as prováveis causas da disseminação do novo coronavírus pelo mundo.

Os pesquisadores ressaltam que o cuidado com o oceano começa em casa. “O cidadão deve refletir sobre suas escolhas de consumo, identificando e substituindo produtos que são danosos ao meio ambiente, selecionando com consciência os pescados consumidos e praticando um turismo responsável, que incentiva a preservação e a sustentabilidade”, frisa Turra.

Estima-se que 8 milhões de toneladas de resíduos acabam no mar todos os anos, sendo 80% proveniente do continente. Isso pode resultar em um cenário em que o oceano tenha mais lixo do que peixes até 2050

Fonte: Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e Fundação Grupo Boticário

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