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Marlim-azul

Marlim azul: espécie ameaçada de extinção, o marlim-azul (Makaira nigricans) enfrenta diversas ameaças complexas nos oceanos. No entanto algumas iniciativas tem aumentado as chances de preservar esse formidável peixe.

Esperança para o marlim-azul

23/3/2023 ::  Marco Pozzana, biólogo

Espécie de espadim endêmica do Oceano Atlântico, o marlim-azul ou espadim-azul-do-atlântico (Makaira nigricans) está intimamente relacionado ao marlim-azul do-indo-pacífico (Makaira mazara). As semelhanças são tantas que muitos biólogos defendem que M. nigricans e M. mazara são, na verdade, a mesma espécie.

Todavia, o marlim-azul é sem dúvida um dos maiores e mais rápidos peixes do mundo. Seu corpo azul-cobalto e branco prateado e mandíbulas superiores em forma de lança tornam o M. nigricans um dos mais impressionantes animais marinhos. É um peixe solitário desde o momento em que nasce. A mãe põe seus ovos em águas abertas e eles flutuam sozinhos até a eclosão. Depois, passam a maior parte de sua vida sozinhos, longe da costa.

Depois que atingem a maturidade, eles têm poucos predadores, representados principalmente por orcas e grandes tubarões pelágicos, como o mako e o grande tubarão branco.

Makaira nigricans (Lacépède, 1802)

Nativo das águas tropicais e temperadas dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, o marlim-azul prefere a temperatura mais alta das águas mais próximas da superfície, onde pode predar principalmente cavala e atum, mas também mergulhar fundo para comer lulas. Cientistas há muito tentam entender até que ponto o marlim-azul usa sua “espada”, a mandíbula superior na alimentação.

Por sua vez, o sistema de linha lateral permite sentir até movimentos fracos na água, além de mudanças na pressão. Outras adaptações no corpo do peixe permitem que a espécie seja um dos animais com o nado mais rápido. As fêmeas são geralmente bem mais pesadas e maiores que os machos. O maior marlim-azul já pescado foi próximo à costa de Vitória, no Brasil, cujo animal, uma fêmeas, pesava 636 kg.

marlim-azul
by J Thomas McMurray, Ph.D
Conservação

A espécie foi descrita em 1802 pelo conde de Lacépède (1756—1825), um naturalista e político francês. Pescado Intensamente há muitas décadas, o marlim-azul é muito visado como troféu pela “pesca esportiva”. Também é uma conhecida vítima nas redes da pesca comercial de atum. Mesmo quando devolvidos ao mar, dificilmente sobrevivem devido aos ferimentos e pelo desgaste da captura. Está listado como “vulnerável” na Lista Vermelha de Animais Ameaçados da IUCN.

Proteger espécies oceânicas como a Makaira nigricans é um desafio bastante complexo no cenário atual de degradação dos mares. No entanto, algumas medidas recentes podem ajudar bastante o marlim-azul e muitas outras espécies ameaçadas.

O governo britânico juntou-se aos apelos para a proteção de 30% dos oceanos do mundo até 2030, anunciando a criação de uma área marinha protegida (MPA) totalmente protegida nas águas ao redor da Ilha de Ascensão — região onde se encontra alguns dos maiores marlins-azuis, no Oceano Atlântico Sul. A APA cobrirá 443.000 quilômetros quadrados, tornando-se uma das maiores AMPs do Atlântico.

Acordo pelos Oceanos

Os estados-membros da ONU chegaram a um acordo para criar o primeiro tratado internacional para a preservação do alto-mar, destinado a combater as ameaças que pesam sobre os ecossistemas vitais para a humanidade. O tratado é considerado essencial para conservar 30% das terras e oceanos do mundo até 2030, conforme acordado pelos governos do mundo em um pacto assinado em Montreal em dezembro. Atualmente apenas 1% do alto-mar está protegido.

Podemos concluir que o futuro do marlim-azul é incerto, uma vez que não estamos conseguindo frear o processo de degradação dos ocanos. No entanto, com acordos como o recém assinado High Seas Treaty podem ajudar significativamente a preservar diversas espécies marinhas importantes.

Fontes e referências:

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