ConservaçãoIctiologiaZoologia

Atum-azul não mais ameaçado

Atum-azul não mais ameaçado: em meio a tantas espécies declinando — e outras tantas até sendo extintas — algumas poucas conseguem se recuperar, mesmo em um cenário tão adverso. É o caso do atum-azul (Thunnus thynnus), que em 2021 deixou a lista de espécies ameaçadas da IUCN.artigo original www.biologo.com.br

Atum-azul surpreende e não está mais ameaçado

16/8/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

Peixe de grande tamanho, força e velocidade, o atum-azul (Thunnus thynnus) atraiu a admiração de pescadores e cientistas ao longo da história.

Thunnus thynnusNo entanto, sua carne é também muito apreciada, especialmente na culinária japonesa. Assim, este peixe se tornou altamente valorizado e tem sido a base de uma das pescarias comerciais mais lucrativas do mundo.

Indivíduos maiores atingem preços elevadíssimos no mercado japonês de peixe cru, onde todas as espécies de atum rabilho são valorizadas. Estes e outros fatores fizeram o cenário para que esta espécie se tornasse ameaçada de extinção.

Felizmente, quatro espécies de atum pescadas comercialmente tem se recuperado, entre eles o atum-azul, graças à aplicação de quotas de pesca regionais na última década. Mas, a recuperação ocorre em meio a crescentes pressões sobre as espécies marinhas, com 37% dos tubarões e raias do mundo agora ameaçados de extinção principalmente devido à pesca excessiva, agravada pela perda e degradação do habitat e mudanças climáticas.

Fonte: NOAA

Na última atualização da IUCN em setembro de 2021, O atum-azul  (T. thynnus) passou de ‘Em perigo’ para ‘Menos preocupante’, enquanto o atum-rabilho-do-sul (Thunnus maccoyii) passou de “Criticamente ameaçado” para “Em perigo”. O Thunnus alalunga e o Thunnus albacares passaram de “Quase ameaçado” para “Menos preocupante”.

Esta recuperação ocorreu graças aos países que impõem cotas de pesca mais sustentáveis ​​e combatem com sucesso a pesca ilegal.

Outros nomes: atum-rabilho, atuarro ou rabilho-do-atlânticoBest Blue Fin Tuna GIFs | Gfycat

Este grande peixe pode pesar até 680 kg, rivalizando com o espadim preto, o espadim azul e o espadarte entre os maiores Perciformes. Pode chegar aos 3 metros de comprimento, embora sejam mais comuns exemplares de 1 a 2 metros.

Extinto no Mar Negro. o atum-azul é nativo do Oceano Atlântico ocidental e oriental e Mar Mediterrâneo. É intimamente aparentado de outras duas espécies de atum, o atum-rabilho-do-pacífico e o atum-rabilho-do-sul.

Thunnus thynnus (Lineu, 1758)

Descrita em 1758 pelo grande naturalista Lineu, esta espécie de atum da família Scombridae tem sido valorizada como iguaria de modo crescente desde sua descoberta pela ciência.

Em relação a outras espécies de atuns, a T. thynnus tem os olhos relativamente pequenos. Outro característica distintiva é o número de dentes do primeiro arco branquial.

É uma espécie pelágica que se agrega em cardumes pouco numerosos, principalmente em águas pouco profundas, aproximando-se mais da superfície durante a noite. Deslocam-se frequentemente em velocidades impressionantes, muitas vezes entre 80 e 90 km/h.

Best Bluefin Tuna GIFs | GfycatConservação

O fato de ser muito valorizado na culinária japonesa, levou o atum-azul à uma sobrepesca severa. A Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico afirmou em outubro de 2009 que os estoques de atum-rabilho-do-atlântico diminuíram drasticamente nos últimos 40 anos, 72% no Atlântico Oriental e 82% no Atlântico Ocidental.

Conforme a espécie rareava, os esforços conservacionistas começaram a ganhar força. No início de 2010, autoridades europeias aumentaram a pressão para proibir a pesca comercial de rabilho-do-atlântico internacional.

Um caso interessante ocorreu em novembro de 2011, quando o crítico gastronômico Eric Asimov, do The New York Times, criticou o restaurante Sushi Yasuda de Nova York, por oferecer atum rabilho em seu cardápio, argumentando que a retirada de uma espécie tão ameaçada constituía um risco injustificável.

Uma melhora significativa

Em 2020, o governo do Reino Unido reconheceu que a espécie estava cada vez mais numerosa nas águas que circundam o país nos últimos anos e financiou pesquisas para entender sua ecologia e elaborar uma abordagem para seu manejo.

A aplicação das quotas regionais de pesca levou a alguns aumentos na população, até que em setembro de 2021, o T. thynnus dexou oficialmente de ser uma espécie ameaçada, entrando para a categoria de “Menor preocupação” na Lista da IUCN. Também tem havido um investimento na aquicultura de atum-rabilho, na esperança de proteger este magnífico peixe.

Todavia, a situação ainda é delicada, uma vez que a sobrepesca persiste e muitas populações regionais ainda estão severamente esgotadas, incluindo cardumes ocidentais que desovam no Golfo do México.

Fontes e referências:

apoie o BiólogoApoie o Biólogo

Comentários do Facebook