Muriqui, o maior primata das Américas está criticamente ameaçado
Muriqui, o maior primata das Américas: Ambientalistas se mobilizam para salvar os últimos Muriquis na Mata Atlântica. A situação é desafiadora, uma vez que a floresta se encontra muito fragmentada.
Muriqui, o maior primata das Américas está criticamente ameaçado
7/4/2022 :: Marco Pozzana, biólogo
Chamamos de Muriqui as duas únicas espécies de macacos — Brachyteles arachnoides e B. hypoxanthus — remanescentes do gênero Brachyteles, ambas criticamente ameaçadas de extinção.
Também conhecido como buriquin, é o maior macaco americano, com 0,70 metros de corpo e mesma medida de cauda.
O B. arachnoides habita os estados brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, enquanto o B. hypoxanthus habita os estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Vivem no alto do dossel, onde se movem com destreza entre os troncos e galhos, alimentando-se de frutas, flores e muitas folhas.
Conservação
Considerados criticamente ameaçados pela IUCN — as populações continuam declinando —, os muriquis dependem da ligação entre diferentes grupos para reproduzir, garantindo a diversidade genética e sobrevivência da espécie.
Como a maioria dos primatas, os muriquis dependem de fortes relações sociais, formando grupos de até 60 indivíduos. Quando as fêmeas atingem a maturidade sexual, elas podem migrar para outros grupos. Para tornar esse movimento possível em uma floresta tão fragmentada, conservacionistas estão se mobilizando.
Em Minas Gerais, um projeto pioneiro do Instituto Muriqui de Biodiversidade e da Comuna do Ibitipoca atua para resgatar muriquis isolados, soltá-los em uma área de floresta restaurada e criar corredores florestais.
Proteger a Mata Atlântica é o melhor caminho para salvar os muriquis
Na área da Mata Atlântica é onde 70% da população brasileira habita, o que explica a enorme degradação que sofreu o bioma. Por outro lado, comparado com outros biomas, a Mata atlântica tem sido privilegiada. A região é a que mais possui unidades de conservação na América Latina, apesar de muitas serem pequenas e insuficientes para manutenção de processos ecológicos e biodiversidade
O pouco que sobrou da riquíssima Mata Atlântica ficou em grande parte restrito a fragmentos florestais isolados, circundados por pastagens, monoculturas e cidades e estradas, com graves consequências para os muriquis.
Os conservacionistas dizem que os proprietários privados, como a Comuna do Ibitipoca, serão fundamentais para a criação desses corredores, uma vez que 80% das manchas remanescentes de Mata Atlântica estão dentro de terras privadas.
Fontes e referências:
- Talebi, M., Melo, F., Rylands, A.B., Ferraz, D. da S., Ingberman, B., Mittermeier, R.A., Martins, M. & Jerusalinsky, L. 2019. Brachyteles arachnoides. The IUCN Red List of Threatened Species 2019: e.T2993A17927228. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-2.RLTS.T2993A17927228.en. Accessed on 07 April 2022. (em inglês)..
- Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6
- Making room in the Atlantic Forest for the largest primate in the Americas – mongabay.com -30 March 2022 (em inglês)..
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