Peixe-leão, nova ameaça à biodiversidade
Peixe-leão, nova ameaça à biodiversidade brasileira: Um peixe bonito e de cores vivas, mas que por trás da aparência bela e delicada esconde um predador voraz, capaz de causar enorme impacto na biodiversidade marinha. A má notícia é que o temido peixe já está em nossas águas, fato que assusta os biólogos.
Peixe-leão, nova ameaça à biodiversidade
7/6/2021 :: Por Josué Fontana
Ele chegou ao mar do Caribe por volta do ano 2000. Desde então, multiplicou-se com espantosa velocidade pela região, naturalmente predando e ocupando o lugar dos peixes nativos. Em poucos anos, o Peixe-leão tornou-se presente em todos os recifes do Caribe.

Todavia, em 2012, quando o animal parecia cada vez mais próximo de nossos mares, biólogos brasileiros emitiram um alerta para a sua possível entrada no litoral brasileiro. As consequências poderiam ser trágicas e previsíveis — um enorme impacto na fauna marinha brasileira e a consequente diminuição do pescado no país.
Ele já está em nossas águas
O pior acabou se confirmando quando, em 2014, capturaram um Peixe-leão em Arraial do Cabo (RJ). Naquela altura parte dos biólogos ainda estava esperançosa de que fosse um caso isolado, mas outros avistamentos se sucederam em locais relativamente próximos da região dos Lagos, no litoral fluminense, até 2015. Depois, não houve mais registros do animal na área.

Porém no fim de 2020 dois Peixes-leão foram capturados na foz do rio Amazonas. Mergulhadores também capturaram um espécime em Fernando de Noronha. Mesmo assim, biólogos acreditam o peixe deve ser combatido — enquanto há tempo.
“O segredo é matar o bicho logo de cara”, diz o biólogo Luiz Rocha, da Academia de Ciências da Califórnia, especialista em peixes recifais, em matéria desse mês da Revista Piauí.
Um peixe venenoso ganha o Atlântico
Antes de entrar no Brasil, o Peixe-leão era visto em abundância no mar da costa da Flórida (EUA), prejudicando a vida selvagem em suas águas.
O invasor possui espinhos venenosos, carece de predadores naturais e é capaz de se reproduzir rapidamente, o que lhe permite dominar outras espécies de peixes que competem por recursos. Nos mares do sul estadunidense, o peixe se reproduziu de tal forma que os conservacionistas não sabem o que fazer.
Confira o vídeo abaixo, filmado na Flórida em 2015, quando os cientistas ainda tentavam combater o intruso.
Pterois – Peixe-leão

Chamamos genericamente de Peixe-leão principalmente as espécies pertencentes ao gênero de peixe marinho venenoso Pterois. Pterois radiata, Pterois volitans e Pterois miles são as espécies mais comumente estudadas no gênero, que tem um total de 12 espécies. Outros nomes vulgares são peixe-dragão, peixe-escorpião, peixe-peru e peixe-pedra.
Nativo dos mares do Indo-Pacífico, as espécies exibem uma coloração de advertência com faixas que podem ser vermelhas, brancas, creme ou pretas. Ostentam barbatanas peitorais vistosas e raios de barbatana pontiagudos venenosos.
Por seu aspecto ornamental, as espécies de Pterois são populares como peixes de aquário.
Fontes e referências:
- O devorador do Caribe chega ao Brasil – Como pesquisadores flagraram o peixe-leão em águas brasileiras e por que ele é uma praga
- “Red Lionfish”. – National Geographic
- Bos, A. R.; Sanad, A. M.; Elsayed, K. (2017). “Gymnothorax spp. (Muraenidae) as natural predators of the lionfish Pterois miles in its native biogeographical range”. Environmental Biology of Fishes.