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Saola

artigo original www.biologo.com.br

Saola: espécie descrita há menos de trinta anos, a saola está entre os mais ameaçados mamíferos do mundo. Endêmica de uma faixa das florestas de altitude das Montanhas Anamitas do Vietnã e do Laos, a Pseudoryx nghetinhensis não é vista há anos e pode estar extinta.

Saola: o “unicórnio asiático” é um dos mais raros mamíferos

1/10/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

O ano era 1992, quando pesquisadores faziam um estudo pelo Ministério das Florestas do Vietnã e pelo World Wildlife Fund (WWF) no centro-norte do Vietnã. Para a surpresa da equipe, eles se depararam com um animal que nunca tinham visto.  

O encontro marcou o início de uma das mais importantes descobertas zoológicas do século XX: a revelação do primeiro grande mamífero da região novo para a ciência desde 1936, e um dos mais ameaçados do planeta.

A espécie — Pseudoryx nghetinhensis — foi descrita no ano seguinte. “Saola” foi o nome escolhido para o novo bovino para a ciência, que significa “chifres” no Vietnã.

saola (pseudoryx nghetinhensis)

Desde então, a saola (também chamada vulgarmente de “unicórnio asiático”) tem rareado em sua floresta de forma alarmante, vítima da caça ilegal. Foi capturada em diversas ocasiões para tentativas de criação em cativeiro. Essas tentativas foram desastrosas, pois os animais não se adaptaram, morrendo em questão de semanas ou meses.

Pseudoryx nghetinhensis (Dung, Giao, Chinh, Tuoc, Arctander, MacKinnon, 1993)

A saola parece ser um antílope, mas análises genéticas mostraram que está mais relacionada com uma espécie bovina, por isso o gênero foi chamado Pseudoryx, que significa ‘falso antílope’.

Um indivíduo maduro tem em média 85 centímetros de altura e pesa aproximadamente 90 kg. A pelagem é castanho escura com uma faixa preta ao longo das costas. Há listras brancas ornamentando toda a face. Os par de chifres pontudos é ligeiramente curvado para trás

Quase nada sabemos sobre seu comportamento na natureza. Todavia, relatos da população local sugerem que é um animal ativo durante dia e noite, descansando nas horas mais quentes do dia. Em cativeiro, notou-se que uma fêmea era mais ativa durante o dia, mas tal comportamento pode ter sido influenciado pelas condições em que o animal se encontrava. Embora aparentemente solitários, saolas foram relatados formando grupos de até sete indivíduos. 

saola (Pseudoryx nghetinhensis)
Saola jovem em foto de armadilha fotográfica

Conservação

A primeira fotografia de uma saola viva foi tirada em cativeiro em 1993. A mais recente foi tirada em 2013 por uma câmera acionada por movimento em floresta do Vietnã.

Atualmente, a saola é listada pela Lista Vermelha da IUCN como criticamente ameaçada de extinção. As principais ameaças são a caça ilegal e a degradação de seu habitat, representada pela derrubada de árvores na sua floresta.

Abaixo, o registro de uma das saolas que morreram em cativeiro

Saolas também são vítimas de armadilhas montadas contra animais que atacam plantações, como javalis. Mais de 26.651 armadilhas foram removidas do  habitat das saolas por grupos conservacionistas, segundo levantamento da ong The Saola Working Group, formado pelo Grupo de Especialistas em Gado Selvagem Asiático da Comissão de Sobrevivência de Espécies da IUCN, em 2006 para proteger saolas e seu habitat.

Também houve uma tentativa de esforço como último recurso de conservação da espécie por clonagem, mas a tentativa foi controversa pela falta de fêmeas doadoras de ovócitos e fêmeas receptivas, sem falar nas barreiras interespecíficas, que dificultam muito o sucesso do procedimento. 

A melhor maneira de salvar as saolas — e a única correta — é preservar as florestas de altitude das Montanhas Anamitas, seu habitat, imperativo para a proteção da espécie, além, é claro, de combater a caça ilegal que já vitimou tantas saolas.

Fontes e referências:
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