A dificuldade de se aceitar a extinção
A dificuldade de se aceitar a extinção: o governo dos Estados Unidos finalmente anunciou a extinção do pica-pau-bico-de-marfim, animal cujo último avistamento aceito ocorreu em 1944. Por que é preciso esperar tanto tempo para constatar o fim de uma espécie?
A dificuldade de se aceitar a extinção de uma espécie
30/9/2021 :: Marco Pozzana, biólogo
Setenta e sete anos depois do último avistamento, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos anunciou a extinção do pica-pau-bico-de-marfim (Campephilus principalis). Além da icônica espécie, outros 22 animais figuram a lista.
Como mostra a publicação, não é costume do governo desistir de localizar uma espécie, mas para os organismos listados, as chances de avistamento — e os recursos para as buscas —, parecem ter se esgotado.
A decisão de oficializar a extinção de uma espécie pode parecer simples. Mas essa é uma visão, no mínimo, limitada. Existem diversos fatores envolvidos para serem analisados.
Do dodô ao pica-pau-bico-de-marfim: quando oficializar a extinção de uma espécie?
Mesmo após décadas de buscas, uma ave pode reaparecer na região procurada ou em outro local. Além disso, ainda existe a possibilidade, mesmo que remota, da mesma estar sendo mantida e reproduzida em cativeiro.
Se por um lado a decisão de aceitar a extinção sensibiliza a sociedade para os direitos dos animais, conservação e preservação ambiental, por outro retira os mecanismos e recursos de conservação da espécie em questão.
“Mantê-lo na lista de espécies ameaçadas de extinção gera atenção, fazendo com que governos pensem no manejo adequado do habitat caso ele ainda exista”, – John Fitzpatrick, ornitólogo da Universidade Cornell falando sobre a extinção do pica-pau-bico-de-marfim.
A União Internacional para a Conservação da Natureza, por exemplo, cautelosamente ainda não decidiu considerar o Campephilus principalis extinto. Supostos avistamentos podem indicar que as aves ainda persistam em Cuba.
Estima-se que mais de 99% de todas as espécies que já viveram na Terra, totalizando mais de cinco bilhões de espécies, estejam extintas. Muitos cientistas alertam que a Terra está passando por uma espantosa “extinção em massa”, com a flora e a fauna extinguindo-se a uma taxa aproximadamente 1.000 vezes maior que o “normal”.
É preciso esforço máximo do Estado e da sociedade para proteger a biodiversidade, o clima e o meio ambiente. Os animais extintos acendem um triste alerta toda vez que uma espécie se vai.
Estudos e referências:
- Bressan, David. “On the Extinction of Species“. Scientific American Blog Network (em inglês).
- Thomas, C.D.; et al. (2004-01-08). “Extinction risk from climate change“ (PDF). Nature (em inglês).
- Extinctions: Georges Cuvier – evolution.berkeley.edu (em inglês).
- These 23 species — including the ivory-billed woodpecker — are now extinct – deseret.com (em inglês).
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