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Bactérias aliadas da medicina

Bactérias aliadas da medicina: Transplante de microbiota fecal e alimentos com microrganismos vivos são testados no combate a infecções. Alterar a população de microrganismos que habitam o intestino humano com fins terapêuticos é uma área de pesquisa em alta.

Bactérias aliadas da medicina

Jul/2019 :: por Carlos Fioravanti/ Pesquisa FAPESP

Mais de 500 pessoas no mundo já se submeteram ao transplante de microrganismos do intestino, a chamada microbiota, para tratar uma infecção recorrente causada pela bactéria Clostridium difficile que nem sempre desaparece com o uso de antibiótico.

Superbacterias
Superbacterias

Reconhecido em 2013 por uma decisão provisória da FDA, a agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, mas ainda sem o status de procedimento médico, o transplante de microbiota fecal (TMF) consiste na transferência de fezes de um doador saudável para uma pessoa doente, geralmente por colonoscopia, para repor a microbiota e restabelecer o equilíbrio do organismo.

A eficácia dessa técnica contra C. difficile pode atingir 90%, embora o tempo de duração dos benefícios seja incerto. Além das bactérias, fazem parte da microbiota intestinal vírus, fungos e vermes.

Evidenciada em laboratório nos últimos anos, a capacidade de as bactérias eliminarem outras bactérias e fortalecerem as defesas ou regularem o metabolismo do organismo em que se abrigam está sendo avaliada em cerca de 150 testes clínicos em andamento principalmente nos Estados Unidos; se avançarem, poderiam representar novas estratégias de tratamento para doenças intestinais, câncer, diabetes e transtornos psiquiátricos.

Bactérias contra doenças

Bacteriologia
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As perspectivas de novos tratamentos gerados pelo uso do microbioma motivaram a abertura, em 2012, da OpenBiome, organização não lucrativa norte-americana que opera como um banco público de fezes para transplantes. No Brasil, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criou, em setembro de 2017, o Centro de Transplante de Microbiota Fecal.

Desde o início de 2018, o centro mineiro fez o TMF para tratar infecções por C. difficile resistentes a antibióticos em seis pessoas, das quais cinco apresentaram bons resultados.

Bactérias aliadas da medicina
Clostridium difficile é um bacilo Gram-positivo comensal do trato gastrointestinal responsável por doenças gastrointestinais associadas a antibióticos

A técnica não funcionou em uma das mulheres, que depois voltou ao tratamento por antibióticos e não apresentou mais diarreias; uma das hipóteses cogitadas para explicar esse resultado é que o transplante possa ter favorecido a ação dos antibióticos.

Como nem a doação nem o transplante estão regulamentados no Brasil, há muito a ser feito. “Ainda não sabemos ao certo como selecionar doadores”, reconhece o gastroenterologista Daniel Terra, gerente do centro.

“Temos de ser muito cautelosos.” Um grupo inicial de 134 voluntários foi selecionado por meio de entrevistas e de exames que rastrearam agentes causadores de infecções, principalmente C. difficile; no final, restaram apenas dois doadores.

>> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp > Bactérias contra doenças

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