Crocodilo-do-orinoco
Crocodilo-do-orinoco: na bacia do rio Orinoco, cruzando a Colômbia e a Venezuela, é possível ver alguns dos últimos Crocodylus intermedius, uma das mais raras e ameaçadas espécies de crocodilo.
Crocodilo-do-orinoco, um gigante misterioso e ameaçado
13/6/2022 :: por Marco Pozzana, biólogo
Extensivamente caçado por suas peles nos séculos XIX e XX, principalmente durante as décadas de 1940 a 1960, o crocodilo-do-orinoco (Crocodylus intermedius) quase foi extinto.
Biólogos e as autoridades locais perceberam que teriam de agir rápido se quisessem salvar a espécie, portanto na década de 1970, o C. intermedius foi finalmente protegido na lei. No entanto, as populações ainda não se recuperaram significativamente e o crocodilo-do-orinoco encontra-se criticamente ameaçado.
Os cientistas acreditam que os animais do gênero Crocodylus provavelmente se originaram na África, de onde teriam migrado ao longo do tempo para o sudeste da Ásia e Américas, embora uma possível origem na Austrália ou na Ásia seja considerada.
Crocodylus intermedius (Graves, 1819)
Espécie de crocodilo muito grande, C. intermedius machos chegaram a ser medidos com até 6,8 m, mas na pequena população restante, esses tamanhos não são mais aferidos. Na situação atual, 5,2 m como tamanho máximo é amplamente aceito.
O dimorfismo sexual não é tão acentuado quanto em outras espécies de crocodilos, no entanto, machos são ligeiramente maiores e podem pesar quase 400kg.
Devido principalmente à sua pequena população, o comportamento do crocodilo-do-orinoco foi pouco estudado no ambiente selvagem, por isso, muitas lacunas permanecem acerca de sua biologia.
Mesmo assim, diversas informações são conhecidas. É sabido que a reprodução ocorre na estação seca, quando o nível da água está mais baixo. Os animais cavam buracos na areia nas margens dos rios formar suas tocas, onde acasalam. Os ovos são colocados em buracos na areia, estes são incubados sob uma mistura de solo com vegetação morta por cerca de três meses.
Durante a noite, os filhotes eclodem e chamam sua mãe. Esta os desenterra do ninho, levando-os para a água. As fêmeas guardam os ninhos e protegem os filhotes no crescimento.
Acredita-se que esses répteis majestosos de alimentem principalmente de peixes, embora possam se alimentar de qualquer animal que puderem apanhar, como aves, mamíferos e répteis. Se as condições permitirem, é possível que cheguem a atingir entre 70 e 80 anos de idade.
Conservação
Mesmo protegido por lei na Colômbia e na Venezuela a espécie luta para prosperar e segue listada como ‘criticamente ameaçada’ pela IUCN.
Além da caça pelo couro, responsável histórica pela maior parte dos abates, ameaças atuais incluem a coleta de filhotes para venda no comércio de animais vivos e poluição.
O aumento da população de jacaretinga (Caiman crocodilus), animal menor mas que pode competir com o crocodilo do Orinoco por peixes é outro problema. Também existe uma proposta de barragem na região do alto rio Orinoco que pode comprometer o futuro desse crocodilo ainda mais.
Embora protegido por lei e por projetos de conservação como o Proyecto Vida Silvestre, lançado em 2014 para proteger 10 espécies selvagens da Colômbia, o futuro da espécie segue incerto.
Fontes e referências:
- Thorbjarnarson, J. B.; Hernández, G. (1993). “Reproductive ecology of the Orinoco crocodile (Crocodylus intermedius) in Venezuela. I. Nesting ecology and egg and clutch relationships“. Journal of Herpetology. doi:10.2307/1564821 (em inglês).
- Orinoco crocodile – Wikipedia.org (em inglês).
- Hekkala, E.; Gatesy, J.; Narechania, A.; Meredith, R.; Russello, M.; Aardema, M. L.; Jensen, E.; Montanari, S.; Brochu, C.; Norell, M.; Amato, G. (27 April 2021). “Paleogenomics illuminates the evolutionary history of the extinct Holocene “horned” crocodile of Madagascar, Voay robustus”. Communications Biology. doi:10.1038/s42003-021-02017-0, (em inglês).
- Balaguera-Reina, S.A., Espinosa-Blanco, A., Antelo, R., Morales-Betancourt, M. & Seijas, A. 2018. Crocodylus intermedius (errata version published in 2020). The IUCN Red List of Threatened Species 2018: e.T5661A181089024. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-1.RLTS.T5661A181089024.en. Accessed on 13 June 2022 (em inglês).
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