Íbis-eremita
Íbis-eremita (Geronticus eremita): uma ave migratória cujo território originalmente abrangia sul da Europa e áreas do norte da África ao Oriente Médio. A espécie vem passando por um longo declínio, mas os programas de conservação começam a mostrar bons resultados.
O raro íbis-eremita, que foi uma das aves mais ameaçadas do planeta
16/10/2021 :: Marco Pozzana, biólogo
Ave de aparência única, o íbis-eremita (Geronticus eremita) há muito faz parte da cultura. Era reverenciado como um animal sagrado, símbolo da soberania do Antigo Egito.
Todavia, diversas ameaças — criadas pelo homem — fizeram com que a espécie rareasse ao ponto de ser considerada uma das aves do mundo em maior perigo de extinção. Ser listada como prioridade na conservação parece ter surtido efeito.
Ações de conservação vieram com sólidos investimentos que garantiram a reprodução do íbis-eremita em Marrocos. O advento também permitiu que as aves migrassem para outros locais. Projetos de reintrodução na Europa também foram postos em prática.
Outros nomes: íbis careca do norte, waldrapp
Trata-se de uma ave migratória encontrada principalmente em habitats áridos. Com o porte variando geralmente entre 70 e 80 cm, exibe um bico vermelho longo e curvo, e rosto vermelho sem penas.
Sua dieta consiste principalmente de pequenos animais como insetos ou lagartos, entre outros. Reproduz-se formando colônias em elevações rochosas, botando normalmente de dois a três ovos em um ninho de gravetos.
Declínio do Geronticus eremita
Com um registro fóssil datando de, no mínimo, 1,8 milhão de anos, a espécie prosperou no “velho mundo” por muito tempo. Com o avanço da civilização vieram as ameaças, que foram se intensificando nos últimos séculos.
Na Europa o pássaro foi extinto há mais de 300 anos. Muitas colônias persistiam em Marrocos e na Argélia, até que no início do século XX começaram a declinar rapidamente. Entre 1900 e 2002 foi o pior momento da espécie, com perda de cerca de 98% da população. A última colônia na Argélia desapareceu no final dos anos 1980.
Em Marrocos, as últimas populações nas montanhas do Atlas já haviam desaparecido em 1989. No entanto, em 2019 havia cerca de 700 aves selvagens remanescentes no sul do país e menos de 10 na Síria, onde foi redescoberto em 2002, mas essa população possivelmente se extinguiu.
Conservação
A espécie foi listada como em perigo crítico, iniciativa que ajudou para que os programas de conservação recebessem os aportes necessários para serem postos em prática.
O crescimento natural de cerca de 200 aves no Marrocos na década de 1990 também contribuiu para a preservação. Em 2018, com uma população que foi estimada em cerca de 147 casais reprodutores na natureza e mais de 1.000 em cativeiro o íbis-eremita deixou de ser “criticamente ameaçado” para ser listado como “ameaçado”.
Muitas razões explicam o declínio da espécie, entre elas a degradação ambiental, a caça e o envenenamento por pesticidas. A mudança climática é um novo desafio.
Fontes e referências:
- Reintroduction of the Northern Bald Ibis – European rewilding network (em inglês).
- New hope for the critically endangered northern bald ibis – earthtouchnews.com (em inglês).
- “Northern bald ibis in Syria”. Satellite tracking. Royal Society for the Protection of Birds (RSPB) (em inglês).
- Serra, G.; Abdallah M.; Abdallah A.; Al Qaim G.; Fayed T.; Assaed A.; Williamson D. (2003). “Discovery of a relict breeding colony of Northern Bald Ibis Geronticus eremita in Syria” (PDF). (em inglês).
- Northern bald ibis – wikipedia.org (em inglês).
- BirdLife International (2018). “Geronticus eremita“. IUCN Red List of Threatened Species. 2018: (em inglês).
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