Joseph Lister
Joseph Lister, um cientista que mudaria o curso da história com sua pesquisa em bacteriologia e infecções em feridas. Bravamente, foi contra o modelo descuidado de sua época, revolucionando a cirurgia em todo o mundo.
Joseph Lister e a assepsia cirúrgica
25/5/2021 :: Por Josué Fontana
Ele não era um cirurgião excepcional do ponto de vista técnico, mas com observação e inteligência, elevou sua técnica operatória para mudar para sempre o modo como as cirurgias eram praticadas.
Hoje pode parecer evidente que as cirurgias tem que ser feitas de forma asséptica, mas naquela época não se conheciam bem as bactérias patogênicas e o perigo que elas representam quando em contato com o interior de nossos corpos.
Antes dos estudos de Lister, muitos acreditavam que o dano químico da exposição ao “ar ruim” (ou miasma) era responsável pelas infecções nas feridas.
As enfermarias do hospital eram ocasionalmente arejadas como precaução contra a propagação da infecção por miasma, mas não havia sequer instalações para lavar as mãos ou as feridas dos pacientes.
“Pai da cirurgia moderna”
O trabalho de Lister possibilitou uma redução nas infecções pós-operatórias e tornou a cirurgia mais segura para os pacientes, distinguindo-o como o “pai da cirurgia moderna”.
Lister promoveu a ideia da cirurgia estéril enquanto trabalhava na Glasgow Royal Infirmary. Joseph introduziu o ácido carbólico (hoje conhecido como fenol) para esterilizar instrumentos cirúrgicos e limpar feridas.
Aplicando os avanços de Pasteur em microbiologia, Lister defendeu o uso de ácido carbólico como anti-séptico, de modo que se tornou o primeiro anti-séptico amplamente usado em cirurgia.
Ele inicialmente suspeitou que poderia ser um desinfetante adequado porque era usado para atenuar o odor desagradável de esgoto. Presumiu que era seguro porque os campos tratados com fenol não produziram efeito nocivo no gado que mais tarde pastou neles.
Em 1865, Joseph aplicou a solução de fenol na ferida de um menino que sofreu uma fratura exposta. Depois de quatro dias, ele descobriu que nenhuma infecção havia se desenvolvido, e depois de seis semanas, ficou surpreso ao descobrir que os ossos do menino haviam se fundido novamente, sem supuração. Posteriormente, publicou seus resultados no The Lancet em uma série de seis artigos, de março a julho de 1867.
Lister (1827 – 1912), cirurgião britânico pioneiro na cirurgia anti-séptica
À medida que a teoria das doenças dos germes se tornou mais compreendida, percebeu-se que as infecções poderiam ser combatidas evitando-se que as bactérias entrassem nas feridas. Isso levou ao surgimento da cirurgia asséptica.
Não foi fácil para Lister quebrar os paradigmas da ciência de sua época. Foi muito criticado por outros médicos que o acusavam de ser um charlatão. Alguns diziam que tentaram replicar os passos descritos por ele e não obtiveram resultados satisfatórios, outros o acusavam de não ter feito nenhuma contribuição efetiva para a medicina, apenas copiando ideias e escritos de médicos anteriores.
No centésimo aniversário de sua morte, em 2012, Lister foi considerado pela maioria da área médica como “O Pai da Cirurgia Moderna”.
Para quem quer conhecer melhor como era a medicina antes da contribuição de Lister, uma dica é o livro Medicina dos horrores. Na obra, a historiadora Lindsey Fitzharris narra como era o chocante mundo da cirurgia do século XIX, às vésperas de uma profunda transformação
Fontes e referências:
- Lister, Baron Joseph. “The Classic: On the Antiseptic Principle in the Practice of Surgery”.
- Baron Joseph, Lister; Cameron, Hector Clare (1909). The collected papers of Joseph Baron Lister. Vol. 2.
- Baron Joseph, Lister; Cameron, Hector Clare (1909). The collected papers of Joseph Baron Lister. Vol. 1
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