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Design Inteligente

O design inteligente, também chamado de desenho inteligente ou projeto inteligente é uma hipótese pseudocientífica, baseada na crença de que o fato de existir vida, com toda a sua complexidade, não poderia ser creditada ao acaso. Isto é, tal complexidade da vida comprovaria a existência de um “ser superior”.

Design inteligente

O termo “design inteligente” começou a ser usado após a sentença de 1987 da Suprema Corte dos Estados Unidos no caso Edwards v. Aguillard que decidiu que a exigência de ensinar a “Ciência da Criação” ao lado da evolução era uma violação da Cláusula de Estabelecimento, que proíbe a ajuda estatal à religião.

Criacionismo x Evolução

No caso Edwards, a Suprema Corte também havia decidido que “ensinar uma variedade de teorias científicas sobre as origens da humanidade para estudantes pode ser validamente feito com a clara intenção secular de melhorar a efetividade da instrução científica”.

Em esboços do livro didático de ciência criacionista “Of Pandas and People”, praticamente todas as derivações da palavra “criação”, como “criacionismo”, foram substituídas com as palavras “design inteligente”. O livro foi publicado em 1989, seguido por uma campanha promovendo-o para ser usado no ensino do design inteligente em classes de biologia do ensino médio do sistema público.

Afinal, o que é Design Inteligente?

Criacionismo
Criacionismo. A criação de Adão, de Michelangelo (1475–1564). 

O design inteligente é apresentado como uma alternativa às explicações naturais para a origem e diversidade da vida. Ela se situa em oposição à ciência biológica convencional, que depende do método científico para explicar a vida através de processos observáveis como mutações e a seleção natural.

A ideia foi inicialmente elaborada por um grupo de criacionistas americanos que reformularam o argumento em face à controvérsia da criação versus evolução para contornar a legislação americana que proíbe o ensino do criacionismo nas escolas como se esta hipótese fosse equiparável às teorias científicas, e gradualmente espalhou-se por diversos países e continentes.

O propósito declarado do design inteligente é o de investigar se as evidências empíricas existentes implicam ou não que a vida na Terra precisou ser concebida por um agente ou agentes inteligentes.

Uma vida decodificada
Uma vida decodificada

William Dembski, um dos principais defensores do design inteligente, já afirmou que a alegação fundamental do design inteligente é que “existem sistemas naturais que não podem ser adequadamente explicados em termos de forças naturais não-direcionais e que exibem características que em qualquer outra circunstância nós atribuiríamos à inteligência.”

Pseudociência

O movimento do design inteligente é derivado do criacionismo da década de 1980. As comunidades científica e acadêmica, junto com a corte Federal Americana, consideram o design inteligente como uma forma de criacionismo ou como um descendente direto que é estreitamente interligado com o criacionismo tradicional; e vários autores referem-se explicitamente a ele como “criacionismo do design inteligente”

A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos já declarou que o “criacionismo, design inteligente e outras alegações de intervenção sobrenatural na origem da vida” não são ciências porque elas não podem ser testadas por métodos científicos.

O consenso da comunidade científica é de que o Design Inteligente não é ciência, mas na verdade pseudociência.

A Associação de Professores de Ciências dos Estados Unidos e a Associação Americana para o Avanço da Ciência a classificaram como pseudociência. A Sociedade Brasileira de Genética publicou oficialmente que não há qualquer respaldo científico no Design Inteligente e em outras teorias criacionistas, explicando que esta posição é consensual na comunidade científica.

Frases de Richard Dawkins
Frases de Richard Dawkins

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também já manifestou-se contra o posicionamento como ciência e ensino como ciência de teorias criacionistas, entre as quais o Desenho Inteligente, o mesmo o fazendo o Ministério da Educação e Cultura(MEC). Há inúmeros outros organismos científicos que rejeitam o design inteligente.

O biólogo Richard Dawkins afirma que o Design Inteligente é um tipo de negacionismo semelhante ao negacionismo do Holocausto.

“Durante séculos, o argumento mais poderoso para a existência de Deus a partir do mundo físico foi o chamado argumento do design: as coisas vivas são tão belas e elegantes e aparentemente tão propositais que só poderiam ter sido feitas por um projetista inteligente. Mas [Charles] Darwin forneceu uma explicação mais simples. Seu caminho é uma melhoria gradual e incremental, começando de um começo muito simples e dando um passo até uma complexidade maior, mais elegância, mais perfeição adaptativa.”– Richard dawkins

Design inteligente no Brasil

Em parceria com o Discovery Institute, a Universidade Presbiteriana Mackenzie criou o “Núcleo Discovery-Mackenzie” para promover o design inteligente no Brasil.

Segundo seu coordenador, Marcos Nogueira Eberlin, professor de química na Unicamp, o núcleo visa a “avaliação crítica das duas possibilidades”.

A criação do núcleo gerou protestos de vários cientistas, dentre eles o de Fábio Raposo do Amaral, ex-aluno de biologia da Universidade Mackenzie que é professor do Departamento de Ecologia Evolutiva da UNFESP. Amaral conclamou o curso de biologia da universidade a se posicionar contra o núcleo. Na revista Science essa parceria foi considerada como uma ameaça à educação no Brasil

Artigo complementar: List of scientific societies rejecting intelligent design 

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