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Hanseníase no Brasil

Hanseníase no Brasil: Número de casos registrados da doença no Brasil cresce por dois anos consecutivos e contabiliza mais de 28 mil ocorrências em 2018.

Hanseníase no Brasil

Set/2019 :: por Rodrigo de Oliveira Andrade  / Pesquisa FAPESP

Após uma década em queda, a quantidade de casos registrados de hanseníase subiu por dois anos seguidos no Brasil.

Superbacterias
Superbacterias

No ano passado, 28.660 pessoas receberam o diagnóstico da doença, cerca de 1.800 a mais do que em 2017 e quase 3.500 a mais do que em 2016, segundo dados do Ministério da Saúde. A hanseníase é mais frequente nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, que respondem por quase 85% dos casos do país. Nelas, a doença atinge, sobretudo, as pessoas que vivem em condições precárias de moradia e saneamento – dois dos fatores que favorecem a transmissão de seu agente causador, a bactéria Mycobacterium leprae.

Outro dado preocupante são as altas taxas registradas no Brasil de resistência a medicamentos usados no tratamento da doença. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a resistência a um deles, a dapsona, chega a 13,3% no país. Por não responderem adequadamente às drogas, os pacientes resistentes apresentam uma piora em seu quadro de saúde e podem até morrer. Além de manchas na pele, a hanseníase provoca lesões neurais.

Aumento no número de casos

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A médica veterinária Patrícia Rosa, diretora da Divisão de Pesquisa e Ensino do Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL), em Bauru, um dos principais centros de atendimento a pessoas com hanseníase no estado de São Paulo, afirma que o aumento no número de casos se deve a falhas na rotina de prevenção e identificação da doença.

“A hanseníase tem evolução lenta e diagnóstico difícil”, conta a pesquisadora, uma das autoras de um trabalho que identificou no interior do Pará a mais elevada taxa de resistência a tratamento já descrita para essa enfermidade.

“Os profissionais da saúde precisam ser bem treinados para identificar os sintomas antes que a doença evolua para um quadro grave”, explica. Essa, segundo ela, não é a realidade em boa parte do país. “Nas regiões mais afastadas, faltam profissionais da saúde capazes de fazer o diagnóstico precoce.”

>> Leia o artigo completo no site da Revista Fapesp > A persistência da hanseníase

Transmissão da Hanseníase 

Hanseníase no Brasil
Rosto com engrossamentos de lepra lepromatosa.

A lepra é transmitida por gotículas de saliva. O bacilo Mycobacterium leprae é eliminado pelo aparelho respiratório da pessoa doente na forma de aerossol durante o ato de falar, espirrar, tossir ou beijar. Quase sempre ocorre entre contatos domiciliares, geralmente indivíduos que dormem num mesmo quarto.

A contaminação se faz por via respiratória, pelas secreções nasais ou pela saliva, mas é muito pouco provável a cada contato. A incubação, excepcionalmente longa (vários anos), explica por que a doença se desenvolve mais comumente em indivíduos adultos, apesar de que crianças também podem ser contaminadas (a alta prevalência de lepra em crianças é indicativo de um alto índice da doença em uma região).

Noventa por cento (90%) da população exposta à bactéria tem resistência ao bacilo de Hansen (M. leprae), causador da hanseníase, e conseguem controlar a infecção sem sintomas. Após 15 dias de tratamento os portadores já não transmitem mais a lepra. Os brasileiros que caçam ou comem tatus correm maior risco de pegar lepra do que pessoas que não interagem com os animais

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