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Saiga

Saiga (Saiga tatarica): o antílope se espalhava por uma vasta área da Ásia, mas uma série de ameaças diminuíram a população em cerca de 95% em somente 15 anos. A conservação da espécie hoje preocupa, classificada como ‘em perigo crítico’ pela IUCN.artigo original www.biologo.com.br

Saiga, o antílope que está sumindo do mapa

27/10/2021 ::  Marco Pozzana, biólogo

Um animal que corria aos milhares pelas estepes da Ásia Central. Contudo, uma doença misteriosa e a crença de que seus chifres têm propriedades na medicina tradicional chinesa levaram a espécie à beira da extinção.

Saiga tatarica
Saiga tatarica (Lineu, 1766)

O famoso zoólogo sueco Lineu foi quem descreveu a espécie em 1766, na 12ª edição do seu Systema Naturae.

Os saigas são encontrados na Rússia, na Mongólia, e principalmente no Cazaquistão. Ao observar essa espécie de antílope, o que chama a atenção é o seu focinho longo e flexível, adaptado para impedir a inalação de areia e poeira, atuando também na regulação da temperatura do sangue e do corpo. O par de narinas bem espaçadas fica voltado para baixo.

A pelagem muda de coloração e características, de acordo com as mudanças sazonais. Somente os machos possuem chifres. 

Conservação e declínio da espécie

No último período glacial, saigas transitavam por grande parte da Eurásia. No entanto, esses animais capazes de suportar temperaturas extremas são caçados desde os tempos pré-históricos. 

Com a caça fora de controle, os saigas foram abatidos aos milhares na década de 1920, e as populações desabaram. Resilientes, conseguiram uma recuperação até que em 1950 dois milhões deles ainda eram circulavam nas estepes da União Soviética.

Sua população diminuiu muito após a queda da URSS com a caça descontrolada e a procura de chifres. Curiosamente, alguns grupos de conservação, como o World Wildlife Fund, chegaram a incentivar a caça da espécie, vista então como uma alternativa para o chifre do rinoceronte no uso na medicina chinesa. Até hoje os chifres, a carne e a pele de Saigas têm valor comercial e são exportados do Cazaquistão.

Em junho de 2014, a alfândega chinesa na fronteira com o Cazaquistão descobriu 2.351 chifres de saiga destinados à na medicina tradicional chinesa, estimados em mais de 11 milhões de dólares.

Em maio 2015 um grande número de saigas começaram a morrer de uma doença misteriosa suspeita de ser a pasteurelose. Mais de 120 mil carcaças haviam sido encontradas e estimava-se que mais de 70% dos indivíduos da espécie morreram, sem que as causas fossem totalmente esclarecidas.

Os cientistas depois descobriram que com o clima mais quente e úmido do que o habitual as bactérias P. multocida tornam-se mortais, infestando a corrente sanguínea dos animais.

Atualmente, o saiga é classificado como uma espécie em perigo crítico pela IUCN. Um número total estimado de 50 mil saigas sobrevivem em três regiões do Cazaquistão e em duas áreas isoladas da Mongólia. Outra pequena população vive em uma região da Rússia e continua sob ameaça extrema.

Fontes e referências
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