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O estrago da guerra na ciência

O estrago da guerra na ciência: Na Ucrânia biólogos travam uma batalha para salvar o patrimônio científico do país. Uma verdadeira corrida para proteger, esconder ou evacuar espécimes, coleções e dados insubstituíveis.
artigo original www.biologo.com.br

O estrago da guerra na ciência, uma batalha contra o tempo

22/3/2022 ::  Marco Pozzana, biólogo

A revista Science publicou no dia nove de março um artigo mostrando o esforço de biólogos para proteger animais, coleções científicas e dados preciosos, frutos de muitos anos de trabalho científico.

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O biólogo conservacionista Anton Vlaschenko vem correndo contra o tempo, a partir de seu apartamento em Kharkiv, na Ucrânia. Em meio aos bombardeios, nova rotina na cidade, Vlaschenko procura salvar os animais e acervo do Ukrainian Bat Rehabilitation Center (Centro de Reabilitação de Morcegos Ucranianos).

Transferiu centenas dos morcegos resgatados para em seguida soltá-los na natureza. Moveu a coleção de mais de 2.000 crânios de morcegos Nyctalus noctula para seu apartamento, e também trouxe para casa morcegos resgatados que, debilitados, não podiam serem soltos.

A ameaça às coleções científicas e aos monumentos culturais da Ucrânia é familiar devido aos recentes conflitos em lugares como Iraque e Síria e outros lugares.

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“Como você protege os museus? Você não pode mover os prédios ou a infraestrutura. Você tenta proteger as coleções transferindo-as para abrigos ou refugiados, onde você precisa escondê-las e armazená-las até que a guerra termine.”
– Lazare Eloundou Assomo
, diretor do Centro do Patrimônio Mundial da UNESCO.

O estrago da guerra na ciência - biologia e animais ucranianos sob fogo
Nyctalus noctula. © Harald Süpfle, Wikimedia

Fedir Androshchuk explicou que os cientistas ucranianos estão fazendo o possível para proteger esse patrimônio. “Não há garantia de que a herança ucraniana estará segura”, diz ele.

Biodiversidade e ciência ucranianas ameaçados 

Outros pesquisadores estão tentando salvar suas coleções digitalmente, como Pavel Gol’din, zoólogo evolucionário do Instituto Schmalhausen de Zoologia em Kiev.  Seu trabalho se baseia em parte em fósseis maciços de 10 metros de comprimento ou mais, da Ucrânia e de outros lugares, muito difíceis de proteger em condições de guerra.

Para garantir que parte dos dados sejam preservados, os mesmos estão sendo transferidos por upload para cientistas na França em meio aos bombardeios, quando há uma conexão com a internet. Gol’din espera ajudar a evitar a repetição das catástrofes paleontológicas da 2ª Guerra Mundial, quando bombas e incêndios destruíram inúmeros fósseis.

Não é uma corrida contra o tempo exclusiva da ciência, mas também da cultura. Arquivistas, bibliotecários e programadores de todo o mundo são alguns dos profissionais envolvidos na força-tarefa para salvar informações preciosas.

Zoológicos na guerra da Ucrânia

Enquanto isso, os zoológicos da Ucrânia também enfrentam sérios desafios com a guerra. Alguns dos animais, incluindo leões e tigres foram transferidos para zoológicos na Polônia, mas isso não será possível para muitas espécies.

A situação atual na Ucrânia está tendo um efeito drástico nos zoológicos do país, assim como na 2ª Guerra Mundial ocorreu com o zoológico de Londres. A Associação Europeia de Zoológicos e Aquários (EAZA) e a Associação Mundial de Zoológicos e Aquários (WAZA) estão trabalhando para apoiar os zoológicos ucranianos como puderem.

Fontes e referências:
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