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A erosão das praias brasileiras

A erosão das praias brasileiras: Além de tragar vias costeiras, os efeitos da erosão no litoral brasileiro se manifestam de múltiplas formas.

Barrancos e crateras cortam a praia; rochas, antes cobertas pelo mar, vêm à tona. Casas desmoronam ou expõem alicerces. Palmeiras tombam e revelam suas raízes em razão da perda de sustentação.

A erosão das praias brasileiras

por Carlos Murauskas / Pesquisa FAPESP :: O mar corroeu a encosta que sustenta o farol da Ponta do Seixas, o ponto mais oriental do Brasil, em João Pessoa, na Paraíba. Em 2014, um trecho da estrada que conduzia ao farol desmoronou. Dois anos depois, a estrada fechada inicialmente apenas para carros foi interditada também para pedestres e ciclistas.

Mangue - manguezal
Proteção natural: Mangue em Maracaipe.

Quem chega à Ponta do Seixas, agora por uma estrada mais longa, pode ver, à frente, uma bela vista do Atlântico e, à esquerda, a antiga estrada caída e uma placa alertando sobre o risco de desmoronamento. As obras de restauração não haviam começado até outubro de 2018.

Publicada em novembro pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a segunda versão de um levantamento do Programa de Geologia e Geofísica Marinha, uma rede de instituições científicas brasileiras, indicou que a erosão e o acúmulo de sedimentos, a chamada progradação, atingem cerca de 60% dos 7,5 mil quilômetros (km) do litoral brasileiro. Como a primeira versão do levantamento, de 2003, indicava uma erosão costeira da ordem de 40% do litoral, algo como 3 mil km, a erosão aumentou  50%, agora chegando a 4.500 km.

Mangue - A erosão das praias brasileiras

Impacto ambiental: A erosão das praias brasileiras

O impacto é maior nas regiões Norte e Nordeste, com 60% a 65% do litoral atingido pela erosão, segundo o relatório Panorama da erosão costeira no Brasil. O Pará se destaca no levantamento, com a erosão remoldando 60% e a progradação 30% de seus 562 km de litoral.

Na ilha de Marajó, enquanto a linha de costa – o limite até onde o mar chega, cujo deslocamento indica o estado de preservação ou alteração das praias – de algumas praias avançou até 100 metros (m), por causa do acúmulo de sedimentos, a de outras, pela razão contrária, recuou até 80 m. Na Bahia, 20% de seus 932 km de litoral são atingidos pela erosão. Em Sergipe, a perda de sedimentos modificou 38% dos 163 km de praias.

Problema natural: A erosão das praias brasileiras

A erosão das praias brasileiras

Fenômeno originalmente natural, a erosão é um problema mundial. A região mais atingida é a costa do mar Cáspio, com uma média de 600 m de perda de praia em alguns pontos e de 700 m de ganho em outros. O litoral de países da Ásia, América do Sul, leste da África e oeste da Austrália apresentou uma média de erosão acima de 50 m, de acordo com um estudo publicado em agosto de 2008 na Scientific Reports.

Como em outros países, a variação do volume de sedimentos no Brasil se mostrou mais intensa em áreas mais urbanizadas, com portos, tubulações de esgotos avançando para o mar ou com casas e hotéis construídos na beira da praia. “As obras interrompem o fluxo de sedimentos e fazem as praias engordar de um lado, enquanto as do outro lado perdem areia”, diz Muehe.

>> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp > A progressiva destruição das praias brasileiras

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