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Nota de pesar pelo Museu Nacional

Nota de pesar pelo Museu Nacional: Hoje, 3 de setembro, se comemora o Dia do Biólogo, mas infelizmente não temos o que celebrar neste ano de 2018.

Durante a noite de ontem, obras, documentos e inúmeras peças de valor arqueológico, antropológico, botânico, zoológico e cultural foram consumidas pelas chamas com o incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A ciência brasileira está de luto pela perda incalculável, pouco depois de o museu comemorar seus 200 anos.

Nota de pesar pelo Museu Nacional

Fogo no Museu Nacional
by Felipe Milanez

Lamentavelmente trata-se de uma tragédia anunciada. Com seguidos cortes no orçamento, desde 2014 o museu não vinha recebendo a verba de R$ 520 mil anuais necessários à sua manutenção, apresentando sinais visíveis de má conservação, como paredes descascadas e fios elétricos expostos. 

O incêndio

Em 2 de setembro de 2018, logo após o encerramento do horário de visitação, um incêndio de grandes proporções atingiu todos os três andares do prédio do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista.

Os bombeiros foram acionados às 19h30, chegando rapidamente ao local, porém os hidrantes não funcionaram de imediato e um precioso tempo foi perdido.

Às 21 horas o fogo encontrava-se fora de controle, com grandes labaredas e estrondos ocasionais, sendo combatido por bombeiros de quatro quartéis. Dezenas de pessoas dirigiram-se à Quinta da Boa Vista para ver o incêndio.

Até às 21h30 de 2 de setembro coleções inteiras haviam sido consumidas pelo fogo, assim como duas exposições que estavam em duas áreas da frente do prédio principal. Os quatro seguranças que se encontravam trabalhando no local conseguiram escapar, não havendo registro de vítimas.

Um pouco da história e importância do Museu Nacional

O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é a mais antiga instituição científica do Brasil e, até meados de 2018, figurou como um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas.

O Museu Nacional era detentor do maior acervo de história natural e antropologia da América Latina, bem como a instituição museológica brasileira que tem sob sua guarda o maior número de bens culturais.

Nota de pesar pelo Museu Nacional
by Felipe Milanez

O museu possuía mais de 20 milhões de itens catalogados, divididos em coleções de ciências naturais (geologia, paleontologia, botânica e zoologia) e antropológicas (antropologia biológica, arqueologia e etnologia). Diversos núcleos do acervo remontavam a coleções iniciadas ainda no século XVIII, tais como os itens provenientes da Casa dos Pássaros e da Coleção Werner.

O acervo perdido

Ao longo de mais de dois séculos, o acervo foi ampliado por intermédio de coletas e escavações, permutas, doações e compras. Inclui vastos conjuntos representativos do mundo natural e da produção humana, provenientes do Brasil e de outras partes do mundo.

O acervo tinha inestimável valor científico, histórico e artístico, servindo como base para a realização de um grande número de pesquisas científicas, teses, dissertações e monografias. Em função do volume do acervo museológico e da exiguidade do espaço, apenas uma pequena amostra desse total (cerca de 3.000 objetos) encontrava-se em exposição permanente.

Formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações, o acervo incluía coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. Havia também uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.

A instituição remonta ao Museu Real, fundado por Dom João VI (1816-1826) em 1818, numa iniciativa para estimular o conhecimento científico no Brasil. Inicialmente o museu abrigou coleções de materiais botânicos, de animais empalhados, de minerais, de numismática, de obras de arte e de máquinas.

A primeira sede do Museu Real localizava-se no Campo de Santana, no centro da cidade, em um prédio mais tarde ocupado pelo Arquivo Nacional.

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