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Nova espécie de sapo

Nova espécie de sapo: Descoberto pela bióloga Thais Condez e sua equipe, o Brachycephalus ibitinga é um sapinho de cor alaranjada endêmico das florestas de terras altas na Mata Atlântica paulista. artigo original www.biologo.com.br

Nova espécie de sapo é descoberta

9/7/2021 ::  Por Josué Fontana

Os anfíbios estão entre os seres-vivos mais vulneráveis às mudanças climáticas, por isso é sempre boa notícia quando uma nova espécie é descoberta.

Biólogos identificaram uma nova espécie de sapo em reserva ambiental da Suzano, no Parque das Neblinas, região da Serra do Mar de São Paulo. Trata-se de um sapinho pingo-de-ouro de pouco mais que 1cm e que brilha sob luz ultravioleta.

A identificação foi feita pela bióloga Thais Condez, juntamente com outros pesquisadores, a partir de pesquisa desenvolvida durante seu doutorado e pós-doutorado na UNESP/Rio Claro.

Para a identificação como uma nova espécie, a pesquisa analisou características genéticas, anatômicas, mas também a história natural e o canto dos anfíbios estudados.

Brachycephalus ibitinga - Nova espécie de sapo é descoberta
Brachycephalus ibitinga. foto: Thais Condez

A nova espécie – Brachycephalus ibitinga

sapinho-pingo-de-ouro - Nova espécie de sapo é descoberta
Brachycephalus ibitinga na luz ultravioleta

O novo sapinho da neblina descrito teve seu nome científico, Brachycephalus ibitinga, cunhado em referência à sua área de ocorrência — a palavra“ibitinga” é oriunda do tupi-guarani, cujo significado é “terra branca”, uma característica da neblina das florestas de terras altas na Mata Atlântica.

O B. ibitinga se diferencia por sua coloração alaranjada e pela hiperossificação dérmica: estrutura que circunda parte da cabeça e do corpo do sapo, e que brilha sob luz ultravioleta.

“A descoberta reforça a importância de Unidades de Conservação, inclusive em áreas próximas a centros urbanos. O B. ibitinga foi identificado em uma das regiões mais populosas da América Latina, e isso evidencia o papel que, não só o Parque das Neblinas, mas também outras reservas públicas e privadas desempenham para conservação da biodiversidade, que é hoje tão ameaçada pela fragmentação de habitats”, diz Paulo Groke, diretor superintendente do Instituto Ecofuturo.

O gênero Brachycephalus

Mata Atlântica e os ciclos da vida
Mata Atlântica e os ciclos da vida

A descoberta junta o animal a outras 37 espécies já registradas no gênero Brachycephalus formando um grupo de espécies exclusivo da Mata Atlântica. Entre eles o Brachycephalus rotenbergae, também catalogado em 2021.

Os sapos do gênero se alimentam principalmente de ácaros e formigas, e algumas espécies apresentam potentes toxinas na pele. Os machos cantam para atrair as fêmeas, principalmente na época de chuvas.

O holótipo, espécime usado na descrição taxonômica, foi coletado no Parque das Neblinas. Outros animais também foram recolhidos em Unidades de Conservação de outros municípios do estado de São Paulo.

“O Brasil tem potencial para muitas descobertas, ainda há muitos locais inexplorados pela ciência. Cada nova espécie encontrada representa um avanço no conhecimento científico e abre novas portas para o reconhecimento dos impactos positivos da conservação da biodiversidade para a humanidade em geral. A partir dessas descobertas, além de podermos avaliar o status de conservação das espécies e dos ambientes em que estão inseridas, é possível seguir com estudos em diversas frentes, visando o conhecimento das ameaças às quais as populações estão expostas, aspectos de seu comportamento, detalhes sobre as toxinas e, até mesmo, sobre como essas substâncias químicas poderiam ser aplicadas no desenvolvimento de novos medicamentos, por exemplo”, explica Thais Condez.

Parque das Neblinas

Reconhecido pelo Programa Homem e Biosfera da UNESCO como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o Parque das Neblinas é uma reserva ambiental da Suzano, gerida pelo Ecofuturo, com 7 mil hectares. No local, são desenvolvidas atividades de ecoturismo, pesquisa científica, educação ambiental, manejo e restauração florestal e participação comunitária. 

Instituto Ecofuturo – Organização sem fins lucrativos, fundada em 1999 e mantida pela Suzano, o Instituto Ecofuturo contribui para transformar a sociedade por meio da conservação ambiental e promoção do conhecimento. 

fonte: Instituto Ecofuturo 

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