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Pterossauro sem crista óssea

Pterossauro sem crista óssea: um animal do gênero Anhanguera, sem uma crista óssea na região superior da maxila, foi identificado no Journal of Vertebrate Paleontology (JVP).artigo original www.biologo.com.br

Um pterossauro sem crista óssea

1/12/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo 

Os pterossauros pertencem a extinta ordem da classe Reptilia (ou Sauropsida), que corresponde aos répteis voadores do período Mesozóico. Não se tratavam de dinossauros, como muitos podem pensar, mas sim do grupo de vertebrados mais próximos evolutivamente deles, dos quais descendem as aves.

origem dos pterossauros
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Agora os autores de um novo artigo “The ontogenetic growth of Anhangueridae (Pterosauria, Pterodactyloidea) premaxillary crests as revealed by a crestless Anhanguera specimen”, publicado no dia 11 de outubro, no Journal of Vertebrate Paleontology (JVP), revelam um pterossauro sem crista óssea. 

O estudo foi baseado em um fóssil achado em Pernambuco (PE). Os autores são o doutorando em Geociências Rudah Ruano C. Duque, seu orientador, o professor Felipe L. Pinheiro (Unipampa) e a professora Alcina Magnólia Franca Barreto (UFPE).

Anhanguera sp.

De acordo com os cientistas, esse espécime apresenta uma característica diagnóstica para o gênero Anhanguera, de pterossauros com dentes, em que todas as espécies descritas possuem uma crista óssea na região superior da maxila. Mas surpreendentemente, o animal estudado pelos autores não possui essa crista.

Para chegar aos resultados, foram realizados testes de morfologia geométrica da posição e tamanho dos alvéolos dentários e análise filogenética buscando reforçar essa identificação taxonômica. Ambos os métodos indicaram grande probabilidade do espécime pertencer ao gênero Anhanguera.

Um pterossauro sem crista óssea
Anhanguera sp. in Duque, Pinheiro et Barreto, 2022. DOI: 10.1080/02724634.2022.2116984
Arte de Matheus Fernandes Gadelha.

O trabalho gráfico acima, que ilustra a capa do volume 42/2022 do JVP, é focado em um fóssil coletado no município de Exu, Sertão de Pernambuco. Trata-se do terceiro material de pterossauro achado em Exu, mas o primeiro craniano. Os anteriores eram de ossos da asa.

Após retirar o fóssil da rocha, os cientistas notaram que se tratava de um fragmento da região anterior do crânio de um pterossauro, réptil voador relativamente comum no depósito onde foi encontrado, do Cretáceo Inferior da Bacia do Araripe (aproximadamente 115 milhões de anos).

Um pterossauro sem crista óssea

Anhangueridae

Anhangueridae é uma família de Pterossauros Ornithocheiroideos do clado Lanceodontia que viveram durante o período cretáceo. Seus fósseis foram encontrados no Brasil, Inglaterra, Estados Unidos, China, Marrocos e Austrália. Destacam-se por suas características pré-maxilares.

A maioria dos anhanguerídeos conhecidos vem da Formação Romualdo do Cretáceo Inferior, na Bacia do Araripe, no nordeste do Brasil. Com quatro gêneros atualmente válidos e vários espécimes referidos ao clado, os anhanguerídeos são o grupo tetrápode mais abundante e diverso da Formação Romualdo.

As afinidades do novo fóssil com outros pterossauros dentados foram testadas por meio de abordagens morfométricas cladísticas e geométricas, que permitem o encaminhamento do novo espécime para a Anhanguera.

A ausência de crista no novo espécime dsugere que essa estrutura varia em termos de ontogenia e/ou sexo, e que talvez tenha sido influenciada pela seleção sexual.

Fontes e referências: 
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