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As aparências enganam

As aparências enganam: Seres com aspecto similar nem sempre têm uma história evolutiva próxima. As duas orquídeas do estudo formam o que os biólogos denominam ‘complexo de espécies’.

As aparências enganam

Maio/2019 :: por Carlos Fioravanti / Pesquisa FAPESP
O botânico Fábio Pinheiro apresenta duas orquídeas bastante diferentes entre si mantidas no jardim experimental do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp).

Classificação científica
Classificação científica

As duas exibem cachos de flores rosa e são classificadas como Epidendrum secundum, espécie que cresce em uma longa faixa de terra entre a Bahia e o Rio Grande do Sul, na cordilheira dos Andes e no Caribe.

Uma delas, coletada no alto de uma serra de Minas Gerais, tem cerca de 20 centímetros de altura e três ramos. A outra, trazida das terras tórridas da Paraíba, tem quase o triplo da altura e o dobro de ramos.

 Sua equipe identificou diferenças genéticas entre as plantas: a variedade da serra tem 56 cromossomos e a da Caatinga 82.

“Não sabemos se ainda são da mesma espécie ou se já se diferenciaram tanto que não são mais capazes de cruzar e gerar descendentes férteis. Mas talvez a incompatibilidade reprodutiva entre elas não tenha se completado e ainda não possam ser consideradas espécies distintas.” diz Pinheiro.

Plantas e animais de aparência similar nem sempre são aparentados

Semelhança enganosa entre as espécies

As duas orquídeas formam o que os biólogos denominam complexo de espécies. O conceito abriga um grupo de espécies relacionadas do ponto de vista genealógico, que podem ser muito parecidas ou até mesmo bastante distintas na aparência.

As aparências enganam
Epidendrum secundum

Sua classificação como uma ou várias espécies desafia os conhecimentos dos especialistas. Organismos com variação da aparência externa (morfologia) tendem a ser classificados como sendo várias espécies, embora também possam ser classificados como apenas uma. O inverso também ocorre: seres vistos como membros de uma só espécie podem, na verdade, esconder várias.

Espécies com formas muito diversas podem apresentar relações de parentesco desnorteantes, como indicado por outras orquídeas do herbário. E. secundum é geneticamente mais próxima de uma espécie com flores amarelas, E. xanthinum, do que de outra com flores rosa, E. denticulatum.

“A cor é muito volúvel e enganadora para ser usada como característica identificadora de espécies”, comenta a bióloga molecular Clarisse Palma da Silva, também professora do IB-Unicamp.

>> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp > Semelhança enganosa entre as espécies

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