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Emílio Goeldi, o museu da Amazônia

Emílio Goeldi, o museu da Amazônia: Museu Paraense Emílio Goeldi chega aos 152 anos com 4,5 milhões de itens preservados, mas pouco protegidos.

Emílio Goeldi, o museu da Amazônia

por Ricardo Zorzetto/Pesquisa FAPESP :: Todas as manhãs Suzana Primo dos Santos percorre as estantes da sala que acomoda quase 15 mil objetos de 120 povos indígenas da Amazônia para verificar se está tudo em ordem. Olha demoradamente as peças e, em silêncio, deseja-lhes um bom dia.

O Herbário
O Herbário

É sua forma de prestar homenagem e respeito aos grupos, alguns já desaparecidos, representados por máscaras, adornos de cabeça, chocalhos, cestos, arcos, flechas e bordunas no acervo etnográfico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a mais antiga instituição científica da região Norte do país, criada em 1866 em Belém, no Pará.

Índios da Amazônia
Índios da Amazônia

“É como me comunico com o visível e o invisível”, afirma. Nascida em uma aldeia karipuna no município de Oiapoque, na fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, Suzana viveu com seu povo até os 17 anos e aprendeu com a mãe a fazer grafismos em cuias usadas para produção e consumo de alimentos e bebidas.

Mudou-se para Belém nos anos 1970 para completar o segundo grau (atual ensino médio) e, mais tarde, cursou sociologia. Conheceu a coleção de artefatos indígenas e de outros povos da Amazônia em 1987, em um estágio na graduação, e não foi mais embora.

Acervo

Em uma visita ao acervo na manhã de 20 de setembro, Suzana abria com delicadeza as gavetas e apresentava cada peça, lembrando o povo que a produziu e a região de origem. Acondicionadas sobre espuma inerte que as protege da deterioração, estão organizadas por material de fabricação e uso.

Amazônia
Amazônia. by Silvia Prevideli

Cestos e outros utensílios de palha em uma seção, adornos de pluma na seguinte e arcos, flechas e outras armas mais adiante. “Cada peça é frágil como uma criança”, contou Suzana, que contribuiu com chocalhos, cuias e colares de seu povo para a coleção.

No salão de quase 300 metros quadrados, a temperatura e a umidade relativa do ar são controladas por um sistema de ventiladores, exaustores e desumidificadores, projetado no início dos anos 2000 por um engenheiro do Instituto para Conservação Getty, nos Estados Unidos, especializado em preservação de obras de arte.

Emílio Goeldi, o museu da Amazônia
Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi

No lado oposto à entrada, guardada por uma porta de vidro com acesso por senha e outra corta-fogo, uma veste de mais de 2 metros de altura ergue-se imponente: é uma máscara em forma de tamanduá, tecida por índios Kayapó no próprio Campus de Pesquisa do museu.

É nesse conjunto de prédios erguidos entre os anos 1980 e 2000 no extremo leste de Belém, longe dos olhos dos visitantes, que estão as preciosidades dessa e de outras 19 coleções de plantas, animais, fósseis, rochas, livros raros e artefatos arqueológicos do segundo mais antigo museu de história natural do país. Elas compõem um acervo de cerca de 4,5 milhões de objetos, inferior apenas ao do Museu Nacional antes do incêndio.

>> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp  O irmão do norte

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