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Rato-do-presidente

Rato-do-presidente: era uma espécie de roedor endêmica de Brasília, do Cerrado brasileiro, descoberta durante as obras de construção da cidade no início dos anos 1960. A espécie possivelmente já era rara na ocasião e não suportou a severa transformação do seu habitat.artigo original www.biologo.com.br

Rato-do-presidente: história da construção de Brasília

20/8/2021 ::  Por Josué Fontana

O rato-do-presidente ou rato-candango (Juscelinomys candango) teve seu nome científico cunhado como uma homenagem ao presidente Juscelino Kubitschek, então responsável pela construção da Capital.

Rato-do-presidente o bicho que havia em BrasíliaDiz-se que o presidente não ficou ofendido ao “emprestar” seu nome ao rato, e que teria ficado até honrado. Mas o que nem Jucelino nem o zoólogo João Moojen, responsável pela descoberta da nova espécie imaginavam é que o animal logo desapareceria para sempre — já se passaram mais de sessenta anos do último avistamento e a espécie é considerada extinta pela IUCN.

O nome candango é uma alusão aos trabalhadores da Capital que eram chamados de candangos. A palavra era empregada de forma pejorativa, direcionada a trabalhadores braçais supostamente sem qualificação. De origem angolana, da língua Quimbundo, significa “gente ruim” ou “pessoa desprezível”.

Juscelinomys candango – Características

rato-candango

Infelizmente quase nada se sabe acerca do comportamento do rato-candango. Isto porque os cientistas não imaginavam na ocasião do registro da espécie que aqueles primeiros exemplares seriam também os últimos. Assim, não estudaram os animais vivos quando isso ainda era possível.

O rato-do-presidente alimentava-se de sementes, formigas e gramíneas. Tinha hábitos fossoriais: cavava tocas no solo, as quais podia rechear com vegetais para servir como estoque de alimento.

Tratava-se de um roedor de cerca de 15 centímetros de comprimento de corpo e 10 centímetros de cauda, que era muito grossa. Apresentava uma pelagem castanha alaranjada e focinho alongado e pequenas orelhas. 

“Apenas uma guerra é permitida à espécie humana: a guerra contra a extinção.”Isaac Asimov

O breve momento da descoberta à extinção:

(Brasília - DF) Vista do centro da Capital Federal do Brasil
Brasília, onde o Cerrado deu lugar ao concreto e ao gramado. © Bruno Camboim Rochelle Rocha

Em um daqueles dias em que o Cerrado dava lugar ao concreto em ritmo desenfreado, um trator expôs a galeria de um roedor misterioso.

Os exemplares (cerca de nove) pareciam peculiares e foram então enviados ao famoso zoólogo João Moojen, conhecido pelos trabalhos com sistemática de roedores e primatas. Para espanto do cientista, não eram de uma espécie conhecida e precisariam até ser alocados em um novo gênero. Moojen descreveu então o Juscelinomys candango em 1965, cinco anos após o recebimento dos exemplares.

Rato-do-presidente - rato-candongo

Infelizmente os cientistas jamais conseguiriam localizar novos ratos-candango. Mesmo com esforços em novas expedições para tal, feitas por Cléber Alho e Philip Hershkovitz, mastozoólogo americano.

Documentário Plantas e ervas do Cerrado
Plantas e ervas do Cerrado

Hoje há pouca esperança que a espécie não esteja extinta porque, além de já fazerem mais de seis décadas desde o último avistamento, o Cerrado brasileiro que deu lugar a Capital, foi drasticamente alterado. Hoje o rato-do-presidente é considerado o primeiro vertebrado do Cerrado formalmente extinto

O animal permaneceu sendo a única espécie do gênero Juscelinomys até 1999, quando foram descritas duas novas espécies bolivianas similares. Foram chamadas de Juscelinomys huanchacae e Juscelinomys guapore.

Fontes e referências:
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