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Os fósseis de Crato

Os fósseis de Crato: Por que o Crato preserva fósseis? Hipótese atribui à ação de bactérias a conservação de vestígios de plantas e de animais na bacia do Araripe

Os fósseis de Crato

Out/2019 :: por Rafael Garcia  / Pesquisa FAPESP

No início de julho, um grupo de paleobotânicos anunciou a descoberta de um fóssil de uma nova espécie de lírio,  Cratolirion bognerianum, que viveu há 115 milhões de anos. A delicadeza da peça, com  raízes, pétalas e células individuais preservadas, impressionou os pesquisadores.

Importância da Paleobotânica
Importância da Paleobotânica

O local onde a flor foi encontrada, porém, não causou surpresa: a formação Crato, na bacia do Araripe, no Ceará, unidade geológica que tem revelado dezenas de fósseis com tecidos moles muito bem preservados.

“A maneira com que o lírio foi depositado, em um antigo lago, é bastante incomum para uma planta herbácea”, diz o francês Clemént Coiffard, do Museu de História Natural de Berlim, um dos autores do artigo com a descrição da flor, publicado na Nature Plants, ao lado de Mary Elizabeth Cerruti Bernardes-de-Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP). “Além da deposição ‘clássica’ com ramos, folhas de árvores e arbustos, muitas plantas ali são preservadas ainda com suas raízes presas, contendo argila.”

Os fósseis de Crato
Inseto fossilizado em Crato. Hemiptera

Importância dos fósseis de Crato

Não se sabe por que a formação Crato conserva  tanta riqueza paleontológica, mas pesquisadores brasileiros levantaram uma hipótese para explicar o fenômeno. Segundo um estudo publicado em julho na revista científica Palaios, esteiras de micróbios teriam contribuído para fossilizar uma vasta gama de organismos. A ação dos microrganismos teria sido fundamental para fixar e proteger a integridade de resquícios de plantas e de animais no fundo desse paleolago.

Entre as criaturas que já emergiram do Crato estão uma serpente com vestígios de patas, pterossauros com cristas preservadas e aves com penas aparentes, além de insetos, crustáceos, peixes e plantas. O local é uma das poucas janelas do planeta para os paleontólogos estudarem a biodiversidade tropical do período Cretáceo Inferior, entre 146 milhões e 100 milhões de anos atrás.

“Vários eventos precisam ocorrer para que um organismo seja preservado”, afirma o geólogo Lucas Warren, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (IGCE-Unesp) e coautor do estudo. “É um processo complexo, para o qual formulamos uma hipótese mais simples e parcimoniosa.”

Em busca de pistas sobre esse processo, quatro anos atrás Warren e o aluno de doutorado Filipe Varejão começaram a estudar coleções de fósseis e amostras geológicas da região, e em viagens investigaram diversos pontos do chamado lagerstätte, a formação calcária de onde a maioria dos fósseis da região emerge.

Entender a origem da formação Crato também auxilia os geólogos a buscar outros sítios que tenham rochas semelhantes e possam igualmente abrigar fósseis bem conservados.

>> Para saber mais, leia o artigo completo no site da Revista Fapesp >Por que o Crato preserva fósseis

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