ConservaçãoOrnitologiaZoologia

Caburé-de-pernambuco

Caburé-de-pernambuco era uma coruja endêmica do litoral de Pernambuco. O forte desmatamento e a degradação ambiental foram um golpe duro para as populações remanescentes da espécie que, provavelmente, está extinta.artigo original www.biologo.com.br

Caburé-de-pernambuco, um canto calado para sempre

23/6/2021 ::  Por Josué Fontana

Há mais de 20 anos, ninguém ouve o canto de um Caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), uma bonita corujinha que voava no litoral pernambucano. Para deixar a história ainda mais triste —  a espécie foi descoberta há pouco tempo, sendo descrita somente em 2002.

Glaucidium mooreorum) Caburé-de-pernambucoA IUCN, cautelosamente, mantém o status da espécie como “Em perigo crítico, possivelmente extinta”. Todavia, biólogos ainda em 2014 defendiam que a espécie estava mesmo extinta, em artigo publicado na revista científica Papéis Avulsos de Zoologia.

Com cerca de 14 centímetros, o Caburé-de-pernambuco apresentava pequenas pintas adornando o alto da cabeça e da nuca, de cor marrom-acinzentada. Difere das outras espécies, muito semelhantes, Glaucidium minutissimum e G. hardyi, especialmente pela cauda mais longa e a asa curta. O canto dessa ave também era particular.

Em comum com essas espécies de Glaucidium, tinha dois “olhos falsos” desenhados na parte de trás da cabeça.

Baseado em dois exemplares taxidermizados da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) de 1980, vindos da Reserva Biológica de Saltinho, os autores Coelho Silva e Gonzaga descreveram a espécie em 2002, nomeada Glaucidium mooreorum, aludindo à “Corujinha de Moore”, em homenagem ao doutor Gordon Earle Moore, Ph.D. em química e física. Moore é um conhecido empresário e filantropo americano, cofundador e presidente da Intel Corporation.

Causas do declínio da espécie:

Caburé-de-pernambuco
Glaucidium 

O forte desmatamento da mata atlântica, na área em que a espécie habitava, é uma realidade há séculos. Cultivos como o da cana-de-açúcar foram especialmente impactantes para as populações de aves como o Caburé.

Glaucidium mooreorum é uma espécie endêmica das florestas da costa de Pernambuco (PE), no Nordeste do Brasil. As florestas remanescentes na região se encontram, quase sempre, intensamente degradadas.

Duas localidades de ocorrência são conhecidas, a primeira na Reserva Biológica de Saltinho, no município de Tamandaré, e a segunda na Usina Trapiche no município de Sirinhaém.

“Ao levar outras espécies à extinção, a humanidade está ocupada em serrar o galho em que se apoia.” – Paul R. Ehrlich

Um pesquisador conseguiu em 2001 registrar em áudio o canto do Caburé-de-Pernambuco. Infelizmente, esta seria a última prova de vida da espécie… até hoje. Confira abaixo o áudio:

Comentários do Facebook