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Piolho-de-baleia

Piolho-de-baleia: poucos sabem que, assim como a espécie humana, as baleias são parasitadas por animais vulgarmente chamados de ‘piolhos’. Mas ao contrário dos encontrados nos homens, os das baleias não são insetos e sim crustáceos.

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Piolho-de-baleia: parasitas ou simbiontes?

19/7/2023 ::  Marco Pozzana, biólogo

Ectoparasitas estão presentes na maior parte das espécies de baleias, mas também em outros cetáceos, como os golfinhos. Chamamos vulgarmente eles de piolho-de-baleia pelo hábito desses animais de se agarrarem a epiderme, encontrando ali seu alimento. São altamente especializados, quase sempre com parasitas únicos para cada espécie de baleia. Cyamus boopis, por exemplo, é uma espécie de piolho de baleia da família Cyamidae que vive exclusivamente em baleias jubarte.

piolho-de-baleia

Nas jubartes a infestação se concentra principalmente ao redor das genitais, mas ocorre em todas as partes do corpo, mais comumente onde há uma infestação da espécie de craca associada, a Coronula diadema.

Os piolhos-de-baleia permanecem com o hospedeiro durante todo o desenvolvimento e não passam por uma fase de nado livre. Com a cachalote, a relação parasitária é específica do sexo: a espécie Cyamus catodontis vive exclusivamente na pele do macho, enquanto Neocyamus physeteris é encontrada apenas em fêmeas e filhotes. Além dos piolhos adultos, os ovos e larvas também podem ser encontrados nas baleias. São crustáceos cosmopolitas, encontradas em todos os oceanos do mundo onde existem baleias.

piolho-de-baleia. fêmea de Cyamus boopis
fêmea de Cyamus boopis

Esses crustáceos tem um corpo achatado e segmentado, com cerca de 1 a 3 centímetros de comprimento. O corpo compreende vários segmentos, cada um contendo ganchos usados para se prender à baleia. Sua forma e cor ajudam na camuflagem entre as cerdas das baleias. Ambos os sexos têm antenas de quatro segmentos, a extremidade contendo cerdas fortes. São capazes de se reproduzir rapidamente, o que lhes permite colonizar novos hospedeiros e se adaptar a diferentes condições ambientais.

Parasitas ou simbiontes?

Apesar de o piolho-de-baleia ser referido como um parasita, essa classificação pode não ser adequada, uma vez que os piolhos-de-baleia se alimentam do tecido morto da pele da baleia e de detritos encontrados na água, possivelmente promovendo uma limpeza da pele das baleias, removendo células mortas e outros materiais inconvenientes. Especialistas defendem que esta seria uma relação de mutualismo. Todavia, certas infestações podem causar incômodo, principalmente quando de concentra ao redor dos olhos.

Piolho-de-baleia

Por fim, podemos dizer que os piolhos-de-baleia integram a diversidade da fauna marítima, enriquecendo a cadeia ecológica. São vulneráveis a qualquer ameaça que afete as populações de baleias, como a caça comercial ou a degradação dos oceanos. Também não são prejudiciais para os seres humanos e não representam uma ameaça à saúde humana. Estudos sobre o piolho-de-baleia podem fornecer informações valiosas sobre as migrações e comportamento das baleias, na compreensão da ecologia e da biologia das baleias, contribuindo para esforços de conservação e manejo dessas espécies.

Fontes e referências:
  1.  Jim Lowry (2012). Lowry J (ed.). Cyamus boopis Lütken, 1870″World Amphipoda database. World Register of Marine Species.
  2. Hurley, D. E. (1952). “Studies on the New Zealand Amphipodan Fauna No. 1—The Family Cyamidae: The Whale-louse Paracyamus boopis”Transactions of the Royal Society of New Zealand80 (1): 63–8.
  3.  Kaliszewska, Z. A.; J. Seger; S. G. Barco; R. Benegas; P. B. Best; M. W. Brown; R. L. Brownell Jr.; A. Carribero; R. Harcourt; A. R. Knowlton; K. Marshalltilas; N. J. Patenaude; M. Rivarola; C. M. Schaeff; M. Sironi; W. A. Smith & T. K. Yamada (2005). “Population histories of right whales (Cetacea: Eubalaena) inferred from mitochondrial sequence diversities and divergences of their whale lice (Amphipoda: Cyamus)”Molecular Ecology.
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