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Raposa-das-ilhas

Raposa-das-ilha: pequena raposa endêmica de seis das oito Ilhas do Canal da Califórnia, a Urocyon littoralis esteve criticamente ameaçada de extinção. Felizmente as populações se recuperaram graças ao esforço de conservação, mas a situação da espécie permanece delicada.artigo original www.biologo.com.br

Raposa-das-ilhas, a menor raposa da América não está mais ameaçada

5/7/2022 ::  por Marco Pozzana, biólogo

2013 foi um ano importante para a raposa-das-ilhas (Urocyon littoralis). A data marcou a mudança de status na lista da IUCN, passando de “criticamente ameaçada” para “quase ameaçada”. Era a confirmação que os conservacionistas aguardavam do sucesso do esforço na preservação da espécie.

Urocyon littoralis
Urocyon littoralis

Na verdade, existem seis subespécies da raposa-das-ilhas, cada uma exclusiva de uma determinada ilha. São elas: U.l. littoralis da Ilha de San Miguel; U.l. dickeyi da ilha de San Nicolas; U.l. catalinae da Ilha de Santa Catalina, U.l. santarosae da Ilha de Santa Rosa., U.l. santacruzae da Ilha de Santa Cruz e U.l. clementae da Ilha de São Clemente.

Em 2004, quatro destas subespécies haviam sido classificadas como ameaçadas de extinção e foram protegidas pelo governo federal: a raposa da ilha de Santa Cruz, a da ilha de Santa Rosa, a da ilha de San Miguel e a raposa da ilha de Santa Catalina.

Diversas ameaças pressionam as populações. Entre estas, estão doenças trazidas por animais introduzidos, como cães. Como elas evoluíram isoladas do continente, são especialmente sensíveis à essas doenças com que jamais tiveram contato. Um surto de cinomose em 1998, por exemplo, matou aproximadamente 90% das raposas da Ilha de Santa Catalina. Atividades humanas também devastaram diversas raposas em várias das Ilhas do Canal.

Predação pela águia-real
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A águia-real (Aquila chrysaetos) se mostrou um predador preocupante.

A predação pela águia-real (Aquila chrysaetos), animal que chega a ser quatro vezes maior em tamanho do que a raposa-das-ilhas, se mostrou outro fator preocupante. Ela surpreendeu os biólogos em um estudo, quando foram monitoradas por coleiras de rádio. A águia-real provou ser a causa das altas taxas de mortalidade da raposa nas ilhas.

A águia-real não era comum nas Ilhas do Canal antes da década de 1990, de acordo com dados coletados pelo Dr. Lyndal Laughrin da Universidade da Califórnia. O primeiro ninho da ave de rapina foi registrado na Ilha de Santa Cruz em 1999.

O predador preocupou tanto os biólogos que já foi proposta a remoção completa dessas águias, como única solução para salvar três subespécies da raposa da ilha da extinção. Felizmente tal medida drástica não foi necessária.

Raposa-das-ilhas, a menor raposa da América não está mais ameaçada
U. littoralis, a menor raposa da América do Norte. © Andrej Chudý

Urocyon littoralis (Baird, 1857)

A espécie compartilha seu gênero com a raposa-cinzenta (Urocyon cinereoargenteus), da qual se originou. É significativamente menor do que a raposa cinzenta relacionada e é a menor raposa da América do Norte. Seu pequeno tamanho é resultado do nanismo insular, uma forma de especiação alopátrica, adaptação aos recursos limitados da ilha.

A raposa-das-ilhas apresenta em média um comprimento da cabeça e do corpo de 48 a 50 cm e a altura do ombro de 12 a 15 cm. A cauda é de 11 a 29 cm de comprimento, bem mais curto do que a cauda de 27 a 44 cm da raposa-cinzenta. O macho é sempre maior que a fêmea. 

Raposa-das-ilhas, a menor raposa da América não está mais ameaçada

Outros nomes: raposa-da-costa, raposa-de-cauda-curta, raposa-cinzenta-da-ilha, raposa-das Ilhas-do-Canal, raposa-cinzenta-insular

O lobo-de-honshu ou lobo-japonês (Canis lupus hodophilax)
leia: lobo-japonês 

Em geral, a pelagem é mais escura e mais opaca do que a da raposa cinzenta. A raposa-das-ilhas tem pêlo cinza na cabeça, uma coloração vermelha avermelhada nas laterais, pêlo branco na barriga, garganta e metade inferior do rosto, e uma faixa preta na superfície dorsal da cauda.

Seu habitat preferido é a vegetação rica em arbustos frutíferos perenes. A dieta consiste de frutas, insetos, pássaros, ovos, caranguejos, lagartos e pequenos mamífero.

Quatro subespécies de raposas-das-ilhas foram protegidas pelo governo federal em 2004. Estão em curso ações para restaurar as populações e os ecossistemas das Ilhas do Canal. Coleiras de rádio estão sendo presas às raposas em um esforço para rastrear e localizar as jovens raposas. Embora as populações ainda inspirem cuidados, até o momento, os esforços na conservação foram amplamente bem-sucedidos.

Fontes e referências:

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